Valor do frete para transportar grãos ao Porto de Santos sobe

Os preços dos fretes para transportar grãos para os portos
do país, como o de Santos, no litoral de São Paulo, devem atingir, entre agosto
e setembro, números próximos ao da colheita de verão. Isso acontece porque a
supersafra de milho precisa ser distribuída pelos armazéns e portos do país e o
preço dos combustíveis também subiu.

De acordo com o grupo de pesquisa e extensão em logística da
Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz (EsalqLog), em agosto, o aumento em
relação ao mesmo mês do ano passado na rota entre Jataí, em Goiás, e o Porto de
Santos, deve atingir 14%. A alta ainda é maior no Paraná. O trajeto entre
Toledo e o Porto de Paranaguá custará 74,2% a mais do que em relação ao mesmo
mês do ano passado.

O principal motivo é a supersafra de soja e milho. Os
números divulgados, no começo do mês, pela Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab), mostram que a safra de grãos 2016/2017 deve chegar a 238,2 milhões de
toneladas frente as 186,6 milhões de toneladas da safra passada.

De acordo com o Conab, a produtividade média da soja subiu
de 2.870 para 3.362 kg/ha e a do milho total, de 4.178 para 5.563 kg/ha. A soma
de todas as culturas pode chegar a 60,7 milhões de hectares, um pouco acima dos
58,3 milhões da safra 2015/2016. Em relação à soja, o crescimento da cultura
deve ser de 19,5% e chegar a 114 milhões de toneladas. Já para o milho total, a
produção deve alcançar 97,2 milhões de toneladas, 46,1% acima da safra
2015/2016. Mais de 88% dos grãos produzidos no país se deve às duas culturas.

Segundo o pesquisador da EsalqLog, o milho terá que sair do
país porque não há demanda interna suficiente. Os produtores ainda não
comercializaram toda a safra de soja 2016/2017. “No período da colheita existe
uma grande necessidade de caminhões por parte da fazenda. Precisa de veículos
disponíveis da lavoura até o armazém. A segunda questão é o próprio escoamento.
Saímos de um cenário que ainda tem muita soja em estoque e uma perspectiva de
recorde de milho. É importante colocar que o mercado interno não tem a
capacidade de absorver esse excedente de produção. A partir disso, ele tendo a
ser colocado na exportação, através dos portos”, diz Queiroz.

Segundo ele, de 40% e 50% de todos os grãos são exportados
pelo Porto de Santos. O frete para transportar grãos em junho chegou a R$ 165
por tonelada. Em julho, esse número passou para R$ 182. A previsão é que possa
atingir até R$ 195 até setembro.

“O que se espera para agosto e setembro é que o fluxo no
patamar muito próximo do que vimos em fevereiro e março, onde tem mais
caminhões. Tivemos anos parecidos, como 2015. Esse fluxo de grãos para Santos
depende da produtividade agrícola e do cenário. No ano passado, por exemplo, no
segundo semestre, tivemos muito menos do que agora”, compara.

Outro fator que contribui para o aumento do frete são o
aumento do preço dos combustíveis e a utilização de ferrovias para o transporte
dos grãos. Nos últimos anos, o investimento no modal ferroviário foi motivado,
principalmente, pelo agronegócio. Os grãos são produzidos em áreas longe do
porto e elas precisam ter uma alternativa intermodal para chegar aos navios.

“A ferrovia faz esse apoio entre a região produtora e os
portos. É um modal bastante efetivo para soja, milho, fertilizante. As
concessionárias estão olhando o agronegócio com bons olhos, principalmente,
pelo volume que coloca nas zonas portuárias e pelas taxas de crescimento de
produção. Na ferrovia, a remuneração é pelo volume e a distância. Quanto maior
o volume e a distância, maior o pagamento”, falou.

 

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