O escoamento da produção agrícola nacional tornou-se
mais ágil e seguro com a ampliação do Terminal Integrador Portuário Luiz
Antônio Mesquita (Tiplam), no Porto de Santos, entregue este ano pela VLI. Um
investimento de R$ 2,7 bilhões possibilitou aliar eficiência logística com
sustentabilidade.
O Tiplam localiza-se às margens do Canal de
Piaçaguera e com a ampliação passa a movimentar 14,5 milhões de toneladas de
produtos por ano. A capacidade é quase seis vezes superior à anterior, quando o
terminal, originalmente inaugurado em 1969, operava apenas com a importação de
enxofre, fertilizantes, rocha fosfática e amônia.
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A expansão possibilitou que a instalação passasse a
operar exportação de soja, farelo de soja, milho e açúcar, tornando-se uma
moderna aliada para o escoamento da produção agrícola nacional. Com o adicional
de capacidade já incrementado, o terminal acrescenta aproximadamente 20% ao
volume de commodities agrícolas exportado por Santos em 2016.
A ampliação da sua estrutura possibilitou o início
da exportação de grãos e açúcar no Tiplam
Os números positivos possibilitaram a consolidação
do Corredor Centro-Sudeste, considerado pelo agronegócio nacional uma
importante rota de escoamento de granéis sólidos. O trajeto inicia-se nos
terminais integradores da VLI em Uberaba, no Triângulo Mineiro, e Guará, no
interior de São Paulo, e segue até o complexo portuário santista.
O início do transporte é realizado por caminhões,
que fazem o transbordo da carga para trens nos terminais. As composições
férreas atravessam o Estado, descem a Serra do Mar e acessam os novos 11
quilômetros de trilhos instalados no terminal, capaz de descarregar uma
composição com 85 vagões em até seis horas.
Toda a carga destinada à exportação chegará por
trilhos. Com a plena exploração do modal ferroviário, evitamos o acréscimo de
1.500 caminhões circulando por dia nas rodovias do litoral. Não fazia
sentido a gente investir mais de R$ 2 bilhões sem criar algum benefício para a
comunidade onde estamos atuando, pondera o gerente-geral do Tiplam,
Alessandro Gama.
A readequação da cadeia logística, visando segurança
e qualificação operacional, custou cerca de R$ 2 bilhões. A empresa construiu
terminais multimodais no interior, adquiriu novas locomotivas e vagões,
modernizou a linha férrea no trajeto e está ampliando oficinas de manutenção.
As modernizações possibilitarão que o corredor de
exportação de grãos, cujo destino final no País é Santos, aumente de 7,5
milhões para 19,8 milhões de toneladas de granéis sólidos ao ano. Segundo
estimativas da própria companhia, o investimento possibilita redução de tempo
no ciclo de toda a cadeia logística em até 70%.
Em sua estrutura original, o Tiplam possuía um pátio
de enxofre, um armazém para fertilizantes, além de um tanque de amônia. Essa
instalação, anterior à ampliação, totalizava 140 mil toneladas de capacidade
estática para guardar os produtos, que até então tinham à disposição somente um
berço de atracação de navios para importação.
Durante a ampliação, foram construídos um novo pátio
para 66 mil toneladas e cinco novos armazéns: dois para grãos (83 mil toneladas
cada), um para açúcar (114 mil toneladas), um que pode abrigar tanto açúcar
quanto grãos (114 mil toneladas ou 83 mil toneladas) e outro para fertilizantes
(60 mil toneladas).
O novo Tiplam completou-se com três novos berços
construídos para atender à nova demanda da instalação. Os atracadouros, aos
poucos, também são capazes de receber navios com maior capacidade e maior
calado (profundidade estabelecida pela distância entre a linha d’água e o fundo
da embarcação) ao final da recuperação do canal de navegação.
primeiro carregamento de navio de grãos do tiplam
ocorreu em janeiro de 2017 (Foto: Marcos Peron) primeiro carregamento de navio
de grãos do tiplam ocorreu em janeiro de 2017 (Foto: Marcos Peron)
Canal Piaçaguera: solução de um passivo ambiental
A ampliação do Tiplam ocorre em paralelo com a
recuperação da profundidade do Canal de Piaçaguera, via aquaviária utilizada
para acessar os terminais na região mais abrigada do Porto de Santos. A área,
degradada com a exploração industrial de Cubatão no final do último século,
demandou estudos específicos e cuidadosos.
A dragagem é fundamental para o
desenvolvimento econômico da região e para a solução ambiental do passivo.
Hoje, a situação do canal é crítica, tanto ambiental, quanto
economicamente, comenta o diretor comercial de novos negócios da VLI,
Fabiano Lorenzi. Segundo ele, a recuperação do canal agrega para toda a região.
Para o passivo ambiental, soluções inéditas no País
foram desenvolvidas para a deposição de sedimentos retirados do fundo do canal.
Iniciamos os estudos em 1999 e obtivemos o licenciamento em 2005. O
planejamento é para restabelecer a navegabilidade e promover a limpeza
segura, explica o presidente da Consultoria, Planejamento e Estudos
Ambientais (CPEA), Sérgio Pompéia.
A CEPEA trabalhou em conjunto com autoridades
ambientais brasileiras e estrangeiras, inclusive especialistas do Exército dos
Estados Unidos. São três fases autorizadas, licenciadas e customizadas para
execução dos trabalhos, todas elas com a máxima segurança à preservação da
natureza, segundo a empresa.
Para receber o material de dragagem do Canal foi
aberta uma cava subaquática construída próxima à região do Canal de Piaçaguera,
em área abrigada. O sedimento, que antes ocupava a área, foi depositado em mar
aberto, em local apropriado que já recebe os resíduos da dragagem do Canal do
Estuário, principal via marítima de acesso aos terminais do Porto de Santos.
Os sedimentos não aptos à disposição oceânica
dragados do Canal de Piaçaguera são depositados nessa célula, que foi isolada
para evitar qualquer contaminação no ecossistema marinho no entorno. Ao final
do preenchimento, previsto para ocorrer ainda este ano, o compartimento é
selado e passa a ser monitorada por técnicos e engenheiros. A tecnologia
adotada na dragagem chama-se Clean-Up (limpeza, em inglês).
A disposição em cava é utilizada em diversos
países, como os Estados Unidos. Após a etapa de disposição e confinamento, não
há mais o risco de dispersão de contaminantes, explica o engenheiro
especialista em dragagem Paul Schroeder, que integra o USACE (Corpo de
Engenheiros do Exército Americano).
Com a dragagem, o Canal de Piaçaguera atingirá uma
profundidade com material apto à disposição oceânica, facilitando dragagens de
manutenção futuras. A ação também permitirá a navegação de navios de maior
capacidade (tipo Panamax). Atualmente, o trecho, que também atende aos
terminais do Polo Petroquímico de Cubatão, tem profundidade média de 10 metros,
comprometendo o acesso aos cargueiros.
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