Queda no preço do minério impacta resultado da Vale

O mercado espera resultados mais fracos para a Vale no
segundo trimestre do ano como consequência direta da queda nos preços do
minério de ferro, o principal produto da companhia. A projeção de seis bancos
para o desempenho operacional da Vale, de abril a junho, aponta para uma
receita média de US$ 7,12 bilhões, 15,6% acima do mesmo período do ano passado.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) estimado
pelas instituições ficou, também, em média, em US$ 2,74 bilhões, 16,7% superior
do que igual período de 2016. Já o lucro líquido médio projetado pelos seis
bancos é de US$ 547,6 milhões, queda de 50% sobre o segundo trimestre do ano
passado.

O desempenho operacional e financeiro da empresa no segundo
trimestre será divulgado amanhã antes da abertura do mercado.

O resultado esperado para a mineradora de abril a junho
piora quando a comparação é feita com o primeiro trimestre deste ano. Nessa
base de comparação, a Vale teve queda de 16,3% na receita do primeiro trimestre
em relação ao período janeiro-março; redução de 36% no Ebitda e de 78% no lucro
líquido, sempre considerando as médias das projeções dos seis bancos incluídos
na estimativa feita pelo Valor. As instituições financeiras incluídas no
levantamento são Bradesco BBI, BTG Pactual, Citi, Goldman Sachs, Itaú BBA e
Santander.

Em relatório, o Bradesco BBI projetou Ebitda de US$ 2,8
bilhões para a Vale no segundo trimestre, queda de 35% sobre o primeiro, como
resultado da queda de 27% nos preços do minério de ferro; de 3%, no cobre e de
10%, no níquel. O banco previu ainda receita de US$ 7,2 bilhões e lucro líquido
de US$ 149 milhões para a Vale – o mais baixo entre as seis casas de análise –
no período de abril e junho.

O Bradesco também disse esperar embarques estáveis de
minério de ferro da companhia no segundo trimestre, na casa dos 84 milhões de
toneladas, apesar do crescimento na produção do S11D, que entrou em operação no
fim do ano passado, em Carajás (PA).

Essa situação é explicada pelo fato de a mineradora
continuar a desenvolver a formação de estoques nos portos chineses em uma
estratégia de mistura de diferentes tipos de qualidade de minério
(“blending”). Essa estratégia permite à Vale atuar como se fosse um
distribuidor local no mercado chinês, ficando mais próxima dos clientes. Em
2016, a Vale misturou 40 milhões de toneladas de minério de ferro fora do
Brasil, em especial em um centro de distribuição na Malásia e em portos
chineses. A tendência é que a Vale continue a aumentar os volumes de minérios
misturados, sobretudo na China.

Também em relatório, o BTG Pactual previu receita de US$ 6,6
bilhões, Ebitda de US$ 2,6 bilhões e lucro líquido de US$ 690 milhões para a
Vale no segundo trimestre. O banco falou em resultados “fracos” como
consequência de fatores não recorrentes. Citou embarques inferiores aos
esperados, preços menores de realização do minério de ferro e uma performance
“depressiva” na área de não-ferrosos (metais). Na visão do banco,
porém, o lado “bom” é que vários dos componentes que determinaram
esse resultado no segundo trimestre são transitórios.

A corretora Itaú BBA previu receita de US$ 6,98 bilhões,
Ebitda de US$ 2,6 bilhões e lucro líquido de US$ 450 milhões para a Vale no
segundo trimestre do ano. O banco projetou embarques de 88 milhões de toneladas
de minério de ferro no segundo trimestre, 12,3% acima do primeiro trimestre,
mas com preços realizados para os finos de minério (o principal produto da
Vale) de US$ 52,4 por tonelada (ante US$ 75,2 por tonelada de janeiro a março,
queda de 30%). A Itaú BBA previu ainda redução de 2% nos custos de produção por
tonelada do minério de ferro no segundo trimestre, resultado influenciado de
forma positiva pela maior depreciação do real.

A corretora disse esperar também um trimestre “sem
brilho” na divisão de metais básicos da Vale considerando a parada para
manutenção na operação de níquel de Sudbury, no Canadá, e como consequência da
queda nos preços do níquel de do cobre.

O Citi previu receita de US$ 7,1 bilhões, Ebitda de US$ 2,7
bilhões e lucro de US$ 1 bilhão, o maior para o período, entre os bancos
incluídos no levantamento.

Os números do Santander foram US$ 7,65 bilhões para a
receita, US$ 2,8 bilhões para o Ebitda e US$ 617 milhões de lucro líquido. O
banco também destacou volumes mais fracos de venda de minério em relação à
produção da empresa no período. Já o Goldman Sachs estimou receita de US$ 7,14
bilhões, Ebitda de US$ 2,88 bilhões e lucro líquido de US$ 324 milhões.

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