A supersafra brasileira está colaborando de forma decisiva para tornar ainda mais confortáveis as relações globais entre oferta e demanda de soja e milho nesta temporada 2016/17. Levantamento divulgado ontem pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) confirmou a tendência, que abre espaço para novas quedas das cotações das duas commodities no mercado externo.
Para o milho, grão mais cultivado no mundo, o USDA elevou sua estimativa para a produção mundial para 1,054 bilhão de toneladas neste ciclo, 9,4% mais que em 2015/16. A oferta é liderada por EUA (384,8 milhões) e China (219,6 milhões), mas o Brasil já aparece em terceiro lugar na lista do órgão, com 93,5 milhões de toneladas – volume superior ao projetado pela Conab. Entre os exportadores, o país surge na segunda posição, nas contas do USDA para o ciclo 2016/17, com 32 milhões de toneladas, abaixo apenas dos EUA (56,5 milhões).
Como o incremento da demanda mundial previsto pelo USDA não acompanhou o da produção, os estoques finais globais foram corrigidos pelo órgão para 223 milhões de toneladas, 5,3% mais que em 2015/16. Esses estoques passaram a representar 21,4% da demanda mundial prevista, ante 22% na temporada 2015/16 e 21,4% em 2014/15. São percentuais que indicam relações menos apertadas que em safras anteriores, quando as cotações se mantiveram em patamares mais elevados que os atuais.
Ontem, na bolsa de Chicago, os contratos futuros com vencimento em julho – que ocupam atualmente a segunda posição de entrega – encerraram a sessão a US$ 3,7375 por bushel (medida equivalente a 25,2 quilos), em queda de 0,75 centavo em relação à véspera. Apesar do recuo modesto, caso o cenário não mude a pressão deverá crescer e tirar sustentação das cotações, que ainda estão um degrau acima da média do mesmo período do ano passado.
O mesmo poderá acontecer com a soja, cujos preços atuais em Chicago também são superiores aos do início de abril de 2016, mesmo com a queda de ontem, que também foi pequena – os contratos de segunda posição (julho) recuaram 2,5 centavos de dólar por bushel (27,2 quilos). Isso porque, conforme os novos cálculos do USDA, os estoques finais globais representarão 26,3% da demanda total nesta safra 2016/17, ante 24,5% em 2015/16 e 25,7% em 2014/15.
Com um empurrão do Brasil, o órgão elevou sua projeção para a produção mundial da oleaginosa para 345,97 milhões de toneladas, 1,5% mais que o estimado em março e volume 10,5% superior ao do ciclo 2015/16. Na prancheta do USDA, a produção é liderada por EUA (117,2 milhões de toneladas) e Brasil (111 milhões), que trocam de posições na exportação – 61,9 milhões e 55,1 milhões de toneladas.
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