Sem novas encomendas, fabricantes de trens sugerem propostas para aquecer o mercado

Sem novas
encomendas para 2019, as fabricantes de carros de passageiros com unidades de
produção no Brasil preparam documento com algumas sugestões e propostas aos
candidatos à presidência. Uma das propostas incluídas é a criação do Retrem, um
programa que poderia seguir os mesmos moldes do Refrota, que é a linha de
crédito oferecida pela Caixa Econômica Federal, com recursos do FGTS, para
modernização e ampliação da frota de ônibus no país. O presidente da Abifer,
Vicente Abate, que está à frente da iniciativa, explica:

“Financiamento
de longo prazo e taxas competitivas podem estimular as operadoras de
passageiros sobre trilhos a modernizar a sua frota de trens. No levantamento
que fizemos, há demanda de pelo menos 560 carros de passageiros para serem modernizados
dos sistemas do Distrito Federal, Trensurb, MetrôRio, CBTU Belo Horizonte e
Metrô de Recife. Esse volume, além de garantir a qualidade do transporte nas
capitais, poderia ser a solução para que as fábricas não fiquem ociosas no ano
que vem”, diz.

Outra
sugestão incluída no documento, que também deve ser entregue aos candidatos ao
governo de São Paulo, é a concretização de projetos que já estiveram em pauta,
como a extensão da Linha 15-Prata até Cidade Tiradentes. O projeto do
monotrilho foi encurtado (até a estação Iguatemi) e, por consequência, a
encomenda das composições à Bombardier também. Ao assinar o contrato com o
governo do estado, em 2012, a fabricante entregaria 54 trens, número que foi
revisto e passou a ser 27 composições (todas já entregues). O projeto da Linha
18-Bronze, que ligaria o ABC paulista, e a expansão da Linha 2-Verde também
poderiam gerar demanda adicional para a indústria.

A falta de
encomendas no Brasil faz com que as fabricantes mirem o mercado de países
vizinhos. As empresas se preparam para a entrega de propostas, no dia 11 de
outubro, para a concorrência internacional promovida pelo Ministério de
Transportes da Argentina. O presidente Mauricio Macri autorizou a compra de 169
trens, com oito vagões cada, somando 1.352 unidades. Trata-se de um contrato de
US$ 1,9 bilhão. Outros US$ 900 milhões devem ser desembolsados na manutenção
dos equipamentos por um período de dez anos. As composições vão rodar em linhas
de subúrbio que estão sendo modernizadas e na futura Rede de Expressos
Regionais (RER) – um  arco ferroviário de
20 km que interligará todo o metrô de Buenos Aires.   

“As
fabricantes vão participar dessa concorrência, que seria um alento diante dessa
ameaça de falta de encomendas”, afirma Abate. O BNDES já garantiu à indústria
taxas competitivas de financiamento, para fazer frente às taxas agressivas
oferecidas por concorrentes europeus e asiáticos. “A indústria no Brasil tem
todas as condições de angariar esse contrato”, ressalta.

A Abifer
estima que este ano a produção de carros de passageiros seja de 298 unidades.
Em 2017 foram 312 unidades. No ano que vem, não há previsão definida, pois
ainda não há novas encomendas fechadas. A Bombardier está trabalhando em sua
unidade em Hortolândia na modernizações de carros das linhas 1-Azul e
3-Vermelha do Metrô de SP. A Hyundai-Rotem deve finalizar a entrega dos 30
trens para a CPTM no fim desse ano, assim como a CAF, que já está finalizando a
entrega dos 35 trens também para a CPTM. A Alstom, em sua unidade na Lapa,
trabalha com o projeto de novos trens do metrô de Santiago, no Chile, e na
produção de seis trens de oito carros para a SuperVia.    

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