Dias após divulgar prejuízo de R$ 2,2 bilhões no primeiro
semestre, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já
analisa mudanças em suas políticas de investimento e financiamento. Nesta
segunda-feira, 15, a presidente do banco, Maria Silvia Bastos Marques, atribuiu
o resultado negativo à administração passada e revelou que a diretoria se
reunirá esta semana para avaliar as novas condições de crédito.
“Já houve mudança para o leilão de transmissão. Em breve,
anunciaremos as novas condições de financiamento do banco para todos os
setores”, disse. Para a concorrência de 2 de setembro, foram garantidas taxas e
prazos menores que as do mercado para 50% dos projetos, em vez de 70%, como nos
leilões anteriores.
A reestruturação inclui o BNDESPar, braço de participações
acionárias. Parte do prejuízo do semestre foi provocado pela desvalorização das
ações de companhias nas quais é sócia. O banco se antecipou a perdas futuras,
por prever que não vai alcançar o retorno projetado em alguns investimentos, e
registrou baixa contábil de R$ 5,15 bilhões.
“A carteira do BNDESPar precisa ser renovada, porque é uma
fonte importante de investimentos, de financiamentos e, portanto, de aporte em
novas empresas e em novos projetos”, disse Maria Silva, sem antecipar detalhes
das mudanças.
O banco também quer acompanhar mais de perto a condução das
companhias nas quais investe. Conselheiros de administração independentes, de
perfil técnico, serão seus representantes. Além das atribuições esperadas de um
conselheiro, eles defenderão os interesses do BNDES, segundo a diretora de
Administração e Recursos Humanos e Mercado de Capitais do banco, Eliane
Lustosa, após participar de seminário.
“Estamos atuando, dentro dos investimentos que já temos,
tendo uma postura mais ativa com os nossos conselheiros, que devem ser
conselheiros independentes. A gente acha que esse é um instrumento importante
para melhorar o mercado de capitais como um todo. E isso já está acontecendo”,
disse.
O primeiro passo foi dado na operadora de telefonia Oi, que,
em recuperação judicial, contribuiu para o prejuízo do banco. Ricardo Reisen
foi nomeado conselheiro pelo banco na semana passada e permanecerá no cargo até
2018. “O que a gente sugeriu é que a Oi, como outras empresas, deveria ter
conselheiros independentes em geral. No caso específico da Oi, nós indicamos um
e a companhia escolheu outro”, lembrou Eliane, referindo-se a Marcos Duarte,
que ocupou vaga na própria operadora.
O BNDES também quer se aproximar dos governos estaduais e
retomar o papel que exercia na década de 90, durante o governo do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso. No mês que vem, técnicos iniciarão uma agenda de
visitas a governadores para colocar o banco à disposição, caso acatem a
convocação do presidente em exercício Michel Temer de atrair a iniciativa
privada para comandar segmentos hoje ocupados por estatais.
“Serão 27 road shows (apresentações), para mostrar aos
governadores o que o banco pode apoiar em um programa de parceria
público-privada. Pode apoiar desde o estudo técnico, na contratação, fazendo a
modelagem, até a contratação final, depois do leilão (de concessão) ”, disse
Maria Silvia.
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