Para as empresas do Oeste Paulista conseguirem transportar suas produções tem ficado cada vez mais caro. Mas isso poderia ser minimizado se o transporte fosse feito por trens. É justamente isso que prevê um plano enviado pelo Ministério Público à Justiça, para que as ferrovias da região sejam reutilizadas novamente. De acordo com os especialistas e empresários do setor, a demanda existe.
Quase não dá para ver a ferrovia, pois o mato tomou conta do local, já que os trens não passam pela via-férrea há 14 anos. Ela leva até o interior de uma indústria em Osvaldo Cruz, a quarta maior processadora de soja do país. Lá dentro a estrutura está pronta para o transporte ferroviário, mas nada do que é produzido sai da unidade pelos trilhos.
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O assessor da diretoria Hernani Losso Junior, disse que “cada tonelada de soja que é transportada em caminhões, você consumiria um quarto de diesel transportando por ferrovia, isso sem contar o pedágio”.
A empresa já fez as contas: 300 mil toneladas de farelo de soja e outras 90 mil toneladas de óleo seriam levadas pelos vagões para os portos de Santos e Paranaguá, de onde seguiriam para a Europa e para a Ásia. “A logística impacta e seria uma necessidade em um momento que o Brasil está mais competitivo”, acrescentou Losso Junior.
Além da indústria de Osvaldo Cruz, pelo menos outras três já revelaram a intenção de fazer o escoamento da produção pelo transporte ferroviário. Dados levantados por entidades da região de Presidente Prudente e que foram apresentados ao Ministério Público Federal (MPF) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) demonstram que o volume chegaria a aproximadamente 106 mil toneladas por mês. Para carregar tudo isso, seriam necessários entre 2.500 e 3.000 vagões dependendo do tipo de produto a ser transportado.
Apesar desses números, a concessionária responsável afirmou aos procuradores que as ferrovias foram desativadas porque não existe demanda, ou seja, não há o que transportar. Essa contradição é um dos principais pontos do pedido apresentado pela Procuradoria à Justiça, reivindicando a reativação do transporte ferroviário na região.
Para o Ministério Público Federal não há dúvida de que a demanda existe e a concessionária deve ser obrigada a cumprir a função. Os procuradores ainda cobram uma multa de quase R$ 40 milhões pelo tempo em que o serviço foi interrompido e estipula uma nova multa de R$ 500 mil por dia caso a situação não mude.
A medida traz nova esperança, não apenas para as empresas. Osvaldo Cruz, município com maior volume de exportações da região de Presidente Prudente, com quase R$ 1 bilhão só em 2014, vê os trilhos trazerem uma possibilidade de crescimento ainda maior.
Secretário de indústria e comércio de Osvaldo Cruz, Ed Luis Jundi afirmou que “a única coisa que está travando o Oeste do Estado de São Paulo é o problema do transporte e não podemos ficar apenas em uma matriz”. “Precisamos urgente de mais alternativas”, destacou.
A expectativa agora é pela decisão do Poder Judiciário. As entidades que representam a indústria no Oeste Paulista apontam que já houve tempo suficiente para as discussões entre o setor e a concessionária e que o momento requer menos discurso e mais pratica.
“A questão judiciária é extremamente importante, porém, está na hora do governo traçar um novo modelo de concessão e fazer que realmente funcione”, disse o presidente da Ciesp, Wadir Olivetti. “Minha sugestão é que realimente faça uma cota mínima de transporte, que ao menos 30% seja pelo meio ferroviário”.
Por meio de nota, a América Latina Logística (ALL), informou que as questões citadas serão tratadas na esfera judicial.
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