A obra mais cara em execução para a Olimpíada de 2016 custará ainda mais do que esperado. Todo o projeto para a construção de uma nova linha de metrô no Rio consumirá ao menos R$ 10,3 bilhões –R$ 1,5 bilhão a mais do que os R$ 8,8 bilhões divulgados pelo governo estadual. E para pagar essa diferença bilionária, o Estado precisará de mais um empréstimo. Este de R$ 1 bilhão.
A construção da Linha 4 é uma das maiores promessas olímpicas. A obra é considerada fundamental para o esquema de transporte de torcedores e turistas que estarão no Rio de Janeiro durante os Jogos de 2016. Também é um dos maiores legados que o megaevento esportivo pode deixar para a cidade.
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A execução da obra começou ainda em junho de 2010. Naquela época, estimava-se os 16 quilômetros de linhas metroviárias subterrâneas entre a zona sul do Rio e a Barra da Tijuca custariam R$ 5,6 bilhões –orçamento estimado pela FGV (Fundação Getulio Vargas). Anos depois, projetos foram detalhados e o custo da obra, revisado. Em abril de 2014, o governo do Rio incluiu a Linha 4 do metrô na lista oficial de obras da Olimpíada e informou que ela custaria R$ 8,8 bilhões.
No mês passado, entretanto, após a presidente Dilma Rousseff visitar o canteiro de obras do metrô, o Palácio do Planalto divulgou um novo orçamento para as obras da Linha 4: R$ 10,3 bilhões. Questionada sobre a diferença, a Secretaria Estadual de Transportes do Rio informou que o novo custo inclui serviços cujos valores não foram computados no orçamento oficial. “Esse valor inclui, além das obras da Linha 4, todas as adaptações para conexão com a Linha 1 e gerenciamento do projeto”, complementou a secretaria.
O governo federal é o grande financiador da obra do metrô prometida para a Olimpíada. Dois bancos federais, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e o Banco do Brasil já se comprometeram em emprestar R$ 6,6 bilhões e R$ 1,6 bilhão, respectivamente, para que o governo do Rio pague a construção (total de R$ 8,2 bilhões).
Já construtoras responsáveis pela obra e pela futura operação do metrô (Odebrecht, Queiroz Galvão, entre outras) vão investir R$ 1,1 bilhão na Linha 4. Todos esses empréstimos e investimentos, contudo, não serão suficientes para bancar o custo total relacionado à construção da nova linha metroviária.
Novo financiamento
Sabendo disso, o governo do Rio já solicitou ao BNDES um novo empréstimo, de R$ 1 bilhão. O crédito foi aprovado pelo banco. Contudo, a liberação do dinheiro depende de uma autorização da Secretaria do Tesouro Nacional, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda.
A Secretaria do Tesouro avalia a situação fiscal de todo Estado e município antes de autorizar a contratação de empréstimos. O controle é feito com base na Lei de Responsabilidade Fiscal, a qual estabelece regras para evitar que governos assumam mais dívidas do que podem pagar.
O Estado do Rio de Janeiro passa por uma grave crise financeira. Nesta semana, o governo anunciou que vai parcelar pagamentos de metade dos servidores por falta de caixa. Em novembro, fornecedores do governo não receberam por seus serviços em dia devido a dificuldades econômicas enfrentadas pelo Estado.
A Secretaria de Transporte foi perguntada se a falta do financiamento poderia comprometer a obra do metrô, que deve ser entregue meses antes dos Jogos Olímpicos. O órgão informou que confia na liberação do crédito. “Esse é um projeto prioritário para os Jogos Olímpicos, respaldado pelo governo federal, e o governo do Estado confia na liberação do financiamento.”
O UOL Esporte procurou o grupo de empresas responsáveis pela obra da Linha 4 do metrô. Elas não quiseram se pronunciar.
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