As chuvas no Cerrado brasileiro estão colaborando para a
estratégia dos produtores de antecipar o plantio de soja neste ciclo 2016/17.
Sobretudo em Mato Grosso, a ideia é antecipar ao máximo a colheita da
oleaginosa e na sequência ampliar a área a ser plantada com milho na segunda
safra, a chamada “safrinha”. Nesse contexto, consultorias apontam que
a semeadura de soja se desenvolve em um ritmo acima da média dos últimos anos.
Segundo a INTL FCStone, em todo o país o plantio do grão já
atinge 29,8% da área estimada para a safra 2016/17, nível normalmente alcançado
apenas na primeira quinzena de novembro. E isso apesar das chuvas irregulares
que atrasaram o início dos trabalhos em algumas regiões, especialmente em
setembro.
Para Daniele Siqueira, analista da AgRural, essa
irregularidade está dentro do esperado para o início da primavera. “Até o
momento, vemos um clima normal para o período e as perspectivas são animadoras.
No ano passado é que tivemos o pior cenário da história”. Daniele lembra
que ainda existe a expectativa de que o La Niña ainda tenha uma influência
positiva para as lavouras do Nordeste e do Centro-Oeste, ainda que seja motivo
de preocupação no Sul, já que poderá derrubar os índices pluviométricos na
região.
Na avaliação da Safras & Mercado, a área de soja
plantada no país já atinge 26,4% do total previsto, mais que os 18,3% do mesmo
período do ano passado – quando houve grandes problemas provocados por
estiagens no Centro-Norte – e acima da média de 18,8% das últimas cinco safras
consideradas com desempenho normal. “Não estamos vendo neste ano problemas
de semeadura no Brasil. Devemos, sim, ter uma área de milho elevada neste ano,
mas isso não deve gerar grandes mudanças na safra de soja”, diz Luiz
Fernando Gutierrez, analista da consultoria.
Regionalmente, o destaque é Mato Grosso. A área plantada no
Estado já chegou a 42,3% do total previsto pelo Instituto Mato-grossense de
Economia Agropecuária (Imea/Famato). “Esse nível foi atingido em anos
anteriores de duas a quatro semanas mais tarde, a depender da região. Uma questão
chave a ser analisada é a intenção de plantio na safrinha, já que fica claro
que a área de milho no Estado atingirá um recorde expressivo”, avalia
Thadeu Silva, diretor da FCStone. Em Mato Grosso, segundo o Imea, o
adiantamento do plantio poderá ser “mocinho” ou “vilão”, a
depender das chuvas.
No Sul, a AgRural calcula que 51% da área total prevista já
foi plantada no Paraná, onde os trabalhos estão adiantados, e que no Rio Grande
do Sul o percentual cai para 1%, o que é normal para essa época do ano. De modo
geral, os sinais disponíveis corroboram as estimativas da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab) de que novos recordes serão quebrados em 2016/17 – a área
plantada no país poderá chegar a 34,2 milhões de hectares e a colheita, a 104
milhões de toneladas.
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