Conselho da Vale decidirá sobre venda de ativos

Duas importantes operações de venda de ativos da Vale devem
ser apreciadas na quinta-feira pelo conselho de administração da companhia, que
se reúne no Rio, segundo apurou o Valor. A expectativa é que o conselho aprove
o acordo de venda de uma parte do negócio de carvão da mineradora em Moçambique
para a japonesa Mitsui. Os conselheiros devem analisar ainda a operação de
venda da área de fertilizantes da companhia. As duas transações vêm sendo
discutidas há dois anos dentro da Vale e hoje têm potencial de juntas,
permitirem à empresa receber algo como US$ 5 bilhões até 2017. O dinheiro é
fundamental também para a empresa cumprir a meta de reduzir seu endividamento.

O negócio de fertilizantes é avaliado por fontes no mercado
em cerca de US$ 3 bilhões e, conforme publicou o Valor na semana passada, a
americana Mosaic é apontada como a principal candidata a ficar com os ativos da
mineradora no setor. A Vale não fala sobre o assunto. A Mosaic é a maior
produtora de fosfato concentrado no mundo e, segundo informações de analistas,
as duas empresas estariam discutindo alternativas para o negócio há alguns
meses. Uma das opções consideradas na transação passa pela mineradora
brasileira receber parte do pagamento em participação acionária do capital da
Mosaic.

No carvão, analistas e especialistas no setor trabalham com
a expectativa de que a Vale possa receber cerca de US$ 3 bilhões, entre
pagamento à vista da Mitsui e financiamentos de bancos, pela venda de fatias no
negócio de carvão da companhia em Moçambique. A Mitsui já é acionista da Vale
S.A. e vem negociando a compra de uma parte do projeto de carvão da mineradora
nos país africano desde 2014. O dinheiro deve entrar no caixa da companhia
brasileira no segundo trimestre de 2017, segundo projeções de analistas de
bancos.

O acordo original acertado por Vale e Mitsui, em 2014,
previu que os japoneses investissem, no total, US$ 1 bilhão no projeto de
carvão em Moçambique, com base em números do fim de 2014. O montante incluia a
compra de 15% da mina de Moatize, no noroeste do país, e a aquisição de 50% da
participação da Vale no Corredor Nacala, estrutura logística formada por
ferrovia e por um porto no Oceano Índico.

Os 15% na mina de Moatize, da Vale, foram precificados, em
um primeiro momento, em US$ 450 milhões. O número considerava uma avaliação de
cerca de US$ 3 bilhões pela mina. No acordo final com a Mitsui, a precificação
deve ficar mais próxima de US$ 2 bilhões e, com isso, a Vale deve receber cerca
de US$ 100 milhões a menos da Mitsui.

O restante dos recursos para completar o US$ 1 bilhão
previsto para ser desembolsado pelos japoneses inclui a compra, pela Mitsui, de
metade dos direitos da Vale no Corredor Nacala, que corta o país de Oeste a
Leste.

A Vale recebeu, em junho, o aval do governo moçambicano para
levar o acordo com a Mitsui adiante, mas ainda faltam aprovações regulatórias
do Malawi, por onde passa a ferrovia. As negociações com o Malawi estão
avançadas, segundo fontes. O processo vai exigir ainda que a mineradora compre
as participações da estatal Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) no
Corredor Nacala.

Há também negociações com bancos envolvidos no financiamento
da operação, incluindo agências multilaterais, caso do japonês JBIC, do
International Finance Corporation (IFC), do Banco Mundial, e do African
Development Bank (ADB). A previsão inicial era que o financiamento dos bancos
para o projeto de carvão da Vale em Moçambique chegasse a US$ 2,7 bilhões.
Agora as expectativas do mercado são de que essa operação financeira fique
próxima de US$ 2 bilhões.

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