Uma empresa classificada como “de fachada” pela
Receita Federal recebeu ao menos R$ 8 milhões de três consórcios com contratos
firmados com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), empresa do
governo do Estado de São Paulo, de acordo com investigações da Operação
Lava-Jato.
Trata-se da JFM Engenharia, que também recebeu R$ 40 mil da
Focco Tecnologia e Engenharia Ltda, empresa na qual o ex-diretor da CPTM João
Roberto Zaniboni já teve participação, segundo a base de dados da Junta
Comercial de São Paulo (Jucesp). Zaniboni foi indiciado pela Polícia Federal
(PF) na investigação que apura formação de cartel e desvios de recursos
públicos na compra e reforma de trens da CPTM e do Metrô em São Paulo e que foi
iniciada em 2008. Ele também chegou a ter seus bens bloqueados em 2013 por
ordem da 6ª vara criminal da Justiça federal de São Paulo e já foi condenado na
Suíça por lavagem de dinheiro.
A Focco, empresa pela qual o ex-diretor da CPTM prestou
serviços de consultoria, continua com as contas bancárias bloqueadas
judicialmente.
Laudo elaborado pela Receita concluiu que a JFM Engenharia
não realizou, “efetivamente, qualquer prestação de serviços, sendo mais
uma pessoa jurídica de fachada utilizada para o pagamento de vantagens
indevidas”.
O documento fiscal, anexado à investigação que apura o
envolvimento da Mendes Júnior no suposto cartel de empreiteiras da Petrobras,
aponta que a JFM não declarou dispor de funcionários entre 2010 e 2013, período
em que recebeu os cerca de R$ 8 milhões de empresas contratadas pela CPTM,
entre as quais a Mendes Júnior.
Zaniboni foi diretor de operações da CPTM de 1999 a 2003,
durante as gestões dos governadores tucanos Mário Covas (que morreu em 2001) e
Geraldo Alckmin, atual chefe do Executivo paulista.
Em nota, a CPTM negou ter feito pagamentos às empresas
investigadas pela Lava-Jato.
“A CPTM [Companhia Paulista de Trens Metropolitanos]
nunca teve, não possui contato, nem efetuou pagamentos a estas empresas. As
obras e serviços, segundo demanda da própria reportagem, foram realizados pelos
consórcios contratados de acordo com a Lei de Licitações”. Segundo a
empresa, os contratos foram cumpridos.
A reportagem não conseguiu manter contato com João Roberto
Zaniboni até o fechamento desta edição.
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