A oferta da soja em grão durante o pico de safra no Estado de Mato Grosso, que é o maior produtor da oleaginosa no Brasil, superou a capacidade de recepção de cargas do terminal da América Latina Logística (ALL), concessionária local da ferrovia Senador Vicente Vuolo, ampliado em 50% para a atual temporada agrícola. Com a originação (envio) maior que o esperado, a fila de caminhões nas margens da BR 364, onde está o acesso ao terminal de grãos da ALL, em Alto Araguaia, chegou a cerca de cinco quilômetros, ou cerca de 180 caminhões.
Para corrigir o alto fluxo de caminhões mesmo operando na capacidade máxima, a ALL reduziu para o nível mínimo, cerca de 50%, a recepção de cargas ao terminal, localizado a cerca de 430 quilômetros ao sul de Cuiabá. Para isso, entrou em contato com seus principais fornecedores comunicando a redução de cotas de cada um. Com a medida, a concessionária espera regularizar o fluxo de caminhões/carretas a partir de hoje. A fila iniciada anteontem, teve pico de extensão no final da tarde de ontem. “Acredito que em dois ou três haja a regularização do fluxo de veículos e com isso a suspensão do corte sobre as cotas”, explica o gerente de Terminais da ALL, André Cruz. O período de normalização considera que apesar da redução das cotas, muitos fornecedores já haviam despachado a soja nas rodovias quando foram comunicados.
Questionado sobre os efeitos da redução na movimentação de cargas dentro do terminal, Cruz esclarece que a medida não altera em nada o ritmo de trabalho porque a descarga dos caminhões e carretas é feita direto em armazéns e não nos vagões.
De maneira emergencial, como informou em nota a assessoria da ALL, para realocar os caminhões que aguardam acesso ao terminal, pátios de outras empresas vizinhas estão sendo utilizados para reduzir o volume de veículos pesados no acostamento da BR, que também é um espaço precário e limitado.
Investimento duplicou recepção em Alto Araguaia
A “onda de caminhões”, como definiu Cruz, reflete exatamente o pico de safra da soja no Estado, onde os trabalhos se concentram na colheita do grão. A fila, como frisa o gerente, se dá mesmo com os investimentos de mais de R$ 11 milhões feitos pela ALL somente no terminal de Alto Araguaia, que teve como prioridade, dobrar a capacidade diária de recepção de grãos. Essa passou de 400 caminhões/dia em 2009 para 600/dia neste ano. Cada veículo transporta em média 37 toneladas.
“Este é um problema pontual, trabalhamos 24 horas, não paramos no Carnaval e ainda assim, houve problema”. Focado em produtividade, os recursos, em suma, foram destinados à aquisição e instalação de dois tombadores – equipamento que eleva o caminhão, inclinando-o, e assim promovendo descarga por gravidade -, pavimentação interna, correções sobre o pavimento e em 60 dias, após entendimento com o Ministério Público local, haverá a expansão do pátio, projeto que já possui licença ambiental.
“Nosso foco é o ganho de produtividade. Agora são quatro tombadores modernos e geram uma descarga ágil e eficaz. Caminhões que ficavam por até 20 horas nas dependências do terminal, hoje passam no máximo oito horas. Essa produtividade vale para a ALL, para os caminhoneiros, transportadores e produtores. A extensão do pátio vai também proporcionar melhor acomodação aos caminhoneiros”, explica.
Para as próximas duas safras, a ALL estará oferecendo novos terminais que vão descongestionar Alto Araguaia. Até 2011 estará operando um terminal em Itiquira (357 quilômetros ao sul de Cuiabá) e em 2012 – seguindo a retomada das obras de expansão da ferrovia em curso – uma unidade também em Rondonópolis (210 quilômetros ao sul de Cuiabá).
Para 2010 a ALL projeta um aumento de 20% sobre a movimentação de grãos, atingindo 12 milhões t, sendo que cerca de 90% da carga originada em Alto Araguaia.
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