Ela demorou cerca de dois anos para ficar pronta, demandou por volta de R$ 2 milhões e muita pesquisa para ser reconstruída, mas ainda deve levar pelo menos um ano, por motivos burocráticos, para voltar a atuar a todo o vapor em Guararema (a 79 km de São Paulo).
A maria-fumaça de modelo Baldwin tipo Sela é o mais novo exemplar a ficar pronto de um trabalho que transforma as quase sucatas das antigas empresas ferroviárias do Brasil em patrimônio de lazer e turismo para comunidades do todo o país.
A recuperação, em São Paulo, é feita pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), uma Oscip –Organização de Sociedade Civil de Interesse Público–, que atua em mais sete cidades do país.
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Basicamente, as ações são feitas por voluntários apaixonados pelas máquinas, que passaram a ser abandonadas há pelo menos três décadas.
O espaço da associação, na capital, fica no bairro da Mooca (zona leste), onde estão 30 restos de composições antigas à espera de patrocínio para voltarem à atividade.
Lá, já foram refeitos, entre outros, um vagão presidencial usado por Getúlio Vargas (1930-45), um carro de passageiros, de madeira, datado de 1900, e quase uma dezena de locomotivas vindas dos EUA e da Inglaterra, principalmente.
A locomotiva de Guararema, acompanhada de dois carros de passageiros, foi entregue há duas semanas, depois de uma viagem de quatro dias, a 15 km/h.
Pedro Luiz Firmo Januário, 51, trabalha ajudando a recuperar trens antigos há dez anos. Faz tudo o que é preciso: da pintura à marcenaria.
“Tudo é difícil no processo porque se trata de algo antigo, cheio de história. É preciso aprender as características de cada máquina. Tenho muito amor pelo que faço. É braçal, mas me realiza”, diz.
Um dos maiores desafios da associação hoje é conseguir novos materiais que possam ser reformados.
“Está ficando muito difícil encontrar vagões, locomotivas e materiais disponíveis para fazer a reconstrução. O que existe é muita sucata, infelizmente, que não é possível recuperar”, afirma Sidnei Gonçalves, diretor financeiro da ABPF, em São Paulo.
As reformas são baseadas em plantas das composições e fotografias de época.
Muitas vezes, por se tratar de patrimônio histórico, é preciso autorização de órgãos públicos ou da Justiça para conseguir recuperar os materiais ferroviários.
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