As cinco grandes empreiteiras do país só aceitam entrar com R$ 3 bilhões de capital próprio no trem-bala. O valor é próximo de 5% do custo calculado por elas para o projeto. O governo achou a proposta inaceitável e deve cancelar o leilão marcado para segunda-feira.
Outro fator que deve tornar inviável o leilão agora é que o TCU (Tribunal de Contas da União) determinou ontem mudanças no edital segundo as quais receitas extraordinárias sejam usadas para reduzir a tarifa – conforme a Folha havia antecipado.
Além do cancelamento definitivo para rever o modelo, o governo cogita fazer um terceiro adiamento do leilão por prazo curto.
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As grandes empreiteiras (Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht, Queiroz Galvão e OAS) estudaram juntas o projeto e chegaram a um preço final, hoje, acima dos R$ 55 bilhões para o projeto. Como as obras de verdade demorariam mais de um ano para começar, o valor pode chegar a R$ 60 bilhões.
A gestão Dilma Rousseff calculou que o custo do projeto estaria hoje em R$ 38 bilhões. O governo se compromete a ser sócio com cerca de R$ 4 bilhões, emprestaria outros R$ 22 bilhões via BNDES (com possibilidade de subsídio de R$ 5 bilhões) e colocaria ainda recursos estimados entre R$ 3 bilhões e R$ 5 bilhões, via fundos de pensão e empresas públicas.
Considerando o valor do custo encontrado pelas empreiteiras, a União já daria recursos para cerca de metade do custo do projeto.
Mas as empresas querem que a gestão Dilma entre com mais recursos ou se comprometa a assumir mais riscos do projeto. Um dos pedidos foi para que a União triplique o valor que vai aplicar na estatal do trem-bala, a Etav (para R$ 12 bilhões), e eleve o valor do financiamento público.
Coreanos
O Planalto não aceitou as condições. Mas ficou sem opções. O consórcio com o qual o governo contava para disputar com as grandes empreiteiras, o TAV Brasil, também não deve entrar na disputa.
Esse consórcio, que tinha acordo com a tecnologia coreana, pedirá formalmente adiamento para apresentar uma proposta.
O grupo ainda está formado por empreiteiras brasileiras e coreanas que não têm recursos sozinhas para bancar o projeto. Além disso, tenta negociar com outro país detentor de tecnologia, já que a tecnologia coreana não está totalmente desenvolvida.
O Planalto está dividido. Uma parte defende a ideia de cancelar o leilão ou deixar que ele aconteça e, não havendo interessados, pensar um novo modelo. Entre as ideias, fazer uma PPP (Parceria Público-Privada).
Outra parte quer um novo adiamento por curto prazo, melhorando condições do projeto, para tentar que alguém compre-o como está.
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