A crise causada pela pandemia de covid-19 levou os bancos de desenvolvimento multilaterais a atuarem juntos para financiar projetos emergenciais, priorizando infraestrutura intensiva em mão de obra. Entretanto, por ainda não ter concluído as negociações pelos empréstimos, o governo brasileiro larga atrás dos de países como Índia e China.
A afirmação é da diretora do New Development Bank (NDB), o banco do Brics, Claudia Prates, que nesta segunda-feira participou de um seminário organizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
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Claudia esteve acompanhada de Franz Drees-Gross, representante do Banco Mundial, Morgan Doyle, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Jaime Holguín, da Corporação Andina de Fomento (CAF), e Luciana Botafogo, do Fonplata, estrutura que reúne os sócios do Mercosul e mais a Bolívia.
A atuação conjunta [dos bancos multilaterais] vai ser um legado dessa crise. Quatro bancos multilaterais e duas agências de desenvolvimento se associaram para financiar US$ 4 bilhões ao governo brasileiro para os gastos sociais, disse a diretora do NDB.
Os recursos a que ela se refere virão do NDB, do Banco Mundial, do BID, do CAF, da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e do Banco de Desenvolvimento Alemão (KfW). Além desse montante, NDB e BID também viabilizaram mais US$ 1 bilhão para ações de apoio à recuperação econômica.
Foram aprovados dois empréstimos emergenciais para Índia e para a China nos últimos boards e o NDB aprovou mais US$ 1 bilhão para todos os países membros para recuperação da economia. O Brasil focou nas questões sociais, ainda não aprovou os empréstimos e, por isso, está mais atrasado que os demais países, disse Claudia.
De acordo com a diretora, o Brasil deverá fechar a negociação pelos novos empréstimos relacionados à pandemia no fim de junho ou início de julho. Para a primeira leva, de US$ 4 bilhões, já houve autorização da Comissão de Financiamento Externo (Cofiex) para garantia do Tesouro.
No caso do NDB, o Brasil tem 8% dos empréstimos aprovados pelo Banco, enquanto China e Índia estão acima dos 30%. A expectativa de Claudia Prates é que o país encerre o ano com um total de aprovações de empréstimos da ordem de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões, dos quais US$ 1,5 bilhão já está fechado.
A representante do Fonplata, Ana Botafogo, informou que diante da Pandemia, Argentina, Paraguai e Uruguai foram os que mais demandaram das linhas de crédito orientadas a financiar infraestrutura social na emergência sanitária para a construção de hospitais de campanha e equipamentos.
O Fonplata prepara agora uma segunda leva de projetos voltados a mão de obra intensiva, como projetos de saneamento fora de grandes centros, onde a questão do desemprego também terá de ser encarada com soluções práticas.
Vamos focar projetos em municípios mais vulneráveis, onde a própria população possa executar essas obras, disse. O Brasil, onde o banco está restrito a escala municipal por determinação do governo federal, é o segundo país que menos utiliza os recursos que integraliza, 13% da carteira atual.
O representante da CAF, Jaime Holguín, disse que o banco também lançou linha de US$ 300 milhões para credito regional e disponibilizará um total de US$ 2,5 bilhões para medidas econômicas anticíclicas nos países tomadores. Por fim, disponibilizou US$ 1,6 bilhão para bancos de desenvolvimento regionais no contexto da pandemia.
No Brasil, a CAF atua junto ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), com a Desenvolve São Paulo, agência do Estado de São Paulo e outros bancos como o do Paraná.
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