Investimento em mobilidade tem que dobrar, diz BNDES

A solução para o problema de mobilidade nas principais metrópoles do país passa pela necessidade de investimentos públicos de R$ 229 bilhões, segundo estudo que está sendo feito pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para tirar do papel corredores de ônibus e linhas de trem e metrô, o Brasil teria que gastar 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) ao longo de 12 anos — quase o dobro da média.


Desde 1989, o país destina cerca de 0,2% do PIB para projetos de mobilidade, de acordo com dados do Ministério dos Transportes. Atualmente, cerca de 7 milhões de brasileiros perdem mais de uma hora nos deslocamentos diários entre casa e trabalho. Investimento, no entanto, não é suficiente para resolver esse problema, apontam especialistas. Segundo eles, é preciso que os projetos tenham qualidade e levem em conta o que a sociedade espera do transporte.


— Aplicar 0,4% do PIB não vai necessariamente acabar com o tráfego. Estudos internacionais mostram que bons projetos conseguem tirar 6% dos carros da rua. As medidas devem ser bem pensadas — afirma o urbanista e consultor de tráfego Flaminio Fichmann.


Pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que 73% dos brasileiros estão “insatisfeitos” ou “muito insatisfeitos” com o transporte. Para o pesquisador Amaro Silveira Grassi, é preciso ouvir o que essas pessoas querem:


— Não adianta ter alto volume de recurso se ele for investido de maneira que não atenda as expectativas e demandas da sociedade.


Maior cidade do Brasil, São Paulo tem apostado em soluções que tem gerado polêmica, como a adoção de faixas exclusivas para ônibus e ciclovias. Se, por um lado, essas medidas têm apoio de quase 80% da população, segundo pesquisa do Ibope divulgada quinta-feira, elas têm sido alvo de protestos de comerciantes e motoristas.


Só neste ano, o trânsito de automóveis foi proibido em cerca de 357 quilômetros de vias, que viraram faixas para ônibus. A medida aumentou a velocidade dos coletivos em 68,7%, segundo a prefeitura.


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— É natural que haja uma resistência, mas nossa diretriz é priorizar o transporte público — diz o secretário municipal de Transporte, Jilmar Tatto.


Tatto foi trabalhar de bicicleta ontem, assim como o prefeito Fernando Haddad (PT), que prometeu brigar pela desoneração das bicicletas.


Até o fim de 2015, São Paulo deve ter 400 km de ciclovias, o que vai acabar com 40 mil vagas de estacionamento. Moradores de alguns bairros já prepararam abaixo-assinados contra a medida. Por outro lado, o número de pessoas que usam bicicleta todos os dias subiu 50% no último ano.

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