O Ministério Público Federal e o Ministério Público do Amazonas protocolaram um pedido ao Governo do Estado do Amazonas e à Caixa econômica Federal para que seja anulado o contrato de construção do monotrilho de Manaus (AM), orçado em R$ 1,3 bilhão, e para que não seja concedido o financiamento de R$ 600 milhões em recursos subsidiados do governo federal (Via Caixa) para a obra, que estava prevista para a Copa do Mundo de 2014.
A obra, segundo a primeira versão da Matriz de Responsabilidades da Copa, de janeiro de 2010, deveria ter começado em junho do ano passado, mas nada saiu do papel até agora.
A última promessa do coordenador da Unidade Gestora do Projeto Copa em Manaus, Miguel Capobiango, é a de que o projeto executivo da intervenção ficará pronto até junho deste ano, podendo assim dar início aos trabalhos de construção.
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A Ordem de Serviço (OS) da obra foi assinada pelo Estado e pelo Consórcio Monotrilho Manaus, composto pelas empresas CR Almeida S.A., Engenharia de Obras Mendes Júnior Trading e Engenharia S.A., em janeiro deste ano. Segundo este documento, as empreiteiras têm 40 meses, a contar da assinatura da OS, para entregar a linha, ou seja, até julho de 2015.
Só o estouro do prazo já seria motivo para os ministérios públicos solicitarem a anulação da concorrência e do financiamento, uma vez que as duas operações foram desenhadas com condições especiais de pagamento e autorização de aumento da capacidade de endividamento do Estado exclusivamente porque trata-ve se uma obra dita necessária para a Copa do Mundo de 2014. Já que ela não ficará pronta para o tornio, deixa de existir motivos para que o Estado se valha das condições especiais.
Além disso, porém, os órgãos de controle estadual e federal encontraram inúmeras irregularidades em todo o processo, classificada pelos promotores como “gravíssimas”.
As autoridades resumem assim os principais problemas da obra:
– Insuficiência do projeto básico;
– Inviabilidade Econômico-Financeira;
– Ausência de funcionalidade do Monotrilho de Manaus;
– Ausência da capacidade Operacional pretendida;
– Subdimensionamento do custo do Monotrilho;
– Estouro no prazo de execução para além da Copa do Mundo 2014;
– Incompetência legal do Estado do Amazonas para implementar projeto de transporte coletivo urbano municipal;
Na recomendação, os procuradores e promotores dão prazo até o início da semana que vem para que o governo estadual do Amazonas e a Caixa Econômica Federal deem uma resposta. Até lá, os entes públicos não se pronunciarão.
Os ministérios públicos advertem, porém, que se Amazonas e Caixa não acatarem a recomendação, haverá ações judiciais contra as autoridades envolvidas. Informam também que a recomendação serve para:
a) tornar inequívoca a demonstração da consciência da ilicitude do recomendado;
b) caracterizar o dolo, má-fé ou ciência da irregularidade para viabilizar futuras responsabilizações em sede de ação por ato de improbidade administrativa.
c) constituir-se em elemento probatório em sede de ações cíveis ou criminais.
O desfecho da história fica para a semana que vem.
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