A colisão que ocorreu na terça-feira em uma das mais novas linhas do metrô de Xangai, o último tropeço da China em sua corrida para modernizar seus serviços, desperta dúvida quanto à segurança de sistemas de sinalização de alta tecnologia.
O acidente, que feriu 284 pessoas e representa a terceira falha em dois meses na mesma linha, também reacendeu queixas de que os chineses estariam sacrificando a segurança em prol de resultados rápidos.
Sistemas de proteção automática, instalados para melhorar a segurança e permitir viagens dentro de intervalos mais curtos, normalmente sinalizam a presença do trem, impedindo que outro se aproxime. Mas esses sistemas algumas vezes falham por causa de problemas de circuito.
No entanto, da mesma forma que o choque de dois trens de alta velocidade ocorrido na China em 23 de julho, que matou 40 pessoas e feriu outras 177, os problemas que ocorreram ontem não se limitam ao equipamento de sinalização.
“Não há dúvida de que o equipamento de sinalização é a causa mais óbvia e direta”, disse Li Hongchang, professor de economia e gerenciamento da Universidade Pequim Jiaotong. “A causa mais profunda está na manutenção, no gerenciamento e até mesmo na forma como os contratos foram concedidos.”
A Casco, que fornece os sistemas de sinalização e equipamentos eletrônicos tanto para o metrô quanto para a rede ferroviária chinesa, recusou-se a comentar o assunto. A empresa é uma joint venture da China Railway Signal and Communication (CRSC) com a francesa Alstom.
O boom da construção está ligando as diversas partes do país como nunca ocorreu antes, com trens de alta velocidade, rodovias de boa qualidade e aeroportos novos. Mas muitos projetos, construídos muito rapidamente para cumprir prazos que parecem ter sido estipulados mais por questões políticas, levantam dúvidas.
“Dados os problemas sérios de congestionamentos em grandes cidades como Pequim e Xangai, geralmente é melhor ter mais metrô e tê-los logo”, disse Li. “Mas a corrida está aquecida demais em alguns lugares, e com muita expansão do metrô rápido demais”. Segundo ele, as obras às vezes começam antes mesmo de os projetos terem sido concluídos.
Seja o primeiro a comentar