A MVC, de São José dos Pinhais (PR), e a BFG, com sede no Bahrein, vão produzir componentes plásticos para os trens que serão fabricados pela Bombardier em Hortolândia (SP). O equipamento vai operar no monotrilho de 24 quilômetros que o metrô de São Paulo pretende implantar na zona leste da cidade até 2013. As empresas anunciaram a formação de uma joint venture, com 51% de controle da sócia brasileira, que faz parte do grupo gaúcho Artecola e tem participação acionária da Marcopolo.
Segundo o diretor-geral da MVC, Gilmar Lima, o contrato com a Bombardier foi assinado pela BFG, que decidiu buscar um parceiro para produzir os componentes no Brasil. O negócio soma US$ 16 milhões em dois anos e a produção começará em março. A nova empresa chama-se BFG Brasil e vai fornecer as máscaras frontais e traseiras dos 54 trens previstos para a linha, além de assentos e revestimentos internos.
A BFG Brasil terá uma unidade industrial própria junto à matriz da MVC no Paraná, que exigirá um investimento inicial de US$ 1 milhão, informou Lima. De acordo com ele, a nova unidade será projetada para receber ampliações nos próximos anos, já que o plano dos sócios é buscar outros clientes no setor ferroviário, como a Alstom. O foco será no mercado interno, porque a BFG já atende clientes internacionais a partir de suas fábricas em outros países, como Filipinas, França e Estados Unidos, disse o executivo.
Conforme Lima, a joint venture vai fornecer cerca de 500 toneladas de componentes por ano para a Bombardier, mas a unidade de São José dos Pinhais terá capacidade inicial três vezes superior a esse volume. A fábrica também vai empregar 60 pessoas. Hoje a MVC tem 780 funcionários na cidade e nas fábricas de Caxias do Sul (RS), Catalão (GO) e Sete Lagoas (MG).
O ingresso no segmento ferroviário faz parte do programa de investimentos de R$ 23 milhões da MVC para o período 2010-2015, quando a meta é chegar a uma receita líquida anual de R$ 400 milhões. Neste ano as vendas líquidas já devem crescer 15% sobre 2010, para R$ 120 milhões, e a projeção “conservadora” para 2012 é R$ 160 milhões, de acordo com o diretor-geral.
O principal mercado da empresa é o de componentes para o setor automotivo (incluindo carros de passeio, ônibus, caminhões e máquinas agrícolas), que deve representar 80% da receita neste ano. Depois vem o segmento de construção civil, com 10%, e a linha leve, como cabines telefônicas e calhas para condicionadores de ar, com 7%. Os 3% restantes virão do fornecimento de componentes para torres de geração de energia eólica para a espanhola Gamesa, que começou em maio deste ano. No mês que vem a MVC também vai instalar uma unidade produtiva em Camaçari para suprir a fábrica local da Gamesa.
Em 2012, conforme Lima, a participação da construção civil deve crescer para 30%, graças à produção de 1,3 mil casas para o programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, nas cidades de Novo Hamburgo (RS) e Japeri (RJ), além de 21 escolas para o governo de Alagoas. O segmento automotivo deverá responder por 55% das vendas, enquanto o fornecimento de componentes para a Bombardier representará outros 5%, igual ao segmento de energia eólica e à linha leve.
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