Cinco cidades situadas em Minas Gerais , São Paulo e Rio de Janeiro disputam discretamente a instalação do centro de pesquisa e desenvolvimento da General Electric. A multinacional americana, fundada pelo inventor da lâmpada elétrica, Thomas Edison, registra uma média de duas mil patentes por ano e deve selecionar entre Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Campinas (SP) e São José dos Campos (SP) no próximo mês o local para o seu quinto centro. A GE já conta com estes núcleos na China, Índia, Alemanha e Estados Unidos. A previsão de investimento é de US$ 150 milhões em 18 meses, com a contratação de 300 profissionais.
O Brasil, no ano passado, gerou receita de US$ 2,5 bilhões em vendas para GE, número 30% inferior ao anunciado pela empresa como obtido em 2008, antes da crise econômica global. Rivaliza com o México na América Latina, onde a GE faturou US$ 7,3 bilhões, resultado superior ao das subsidiárias na China e na Índia, segundo afirmou o diretor de relações institucionais da empresa, Alexandre Alfredo. Em termos globais, o faturamento brasileiro é pequeno – apenas 1,6% dos US$ 156 bilhões obtidos em 2009. Mas a GE conta com a expansão econômica que investimentos como a prospecção no campo do pré-sal poderão trazer.
Para instalar o centro de pesquisas, a questão tributária não será um fator relevante. O elemento decisivo será a negociação com as universidades públicas. A empresa quer assegurar a propriedade das patentes desenvolvidas em seus centros e estuda qual a cidade com maior potencial de formação de mão de obra em suas áreas de interesse: energia, petróleo e gás, transportes e indústria hospitalar.
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A depender da cidade escolhida, o centro de pesquisas terá uma vocação. Se a escolha recair em Campinas (SP), o foco será energia. Se no Rio de Janeiro, petróleo e gás. Belo Horizonte e São Paulo direcionam o vetor para transportes e saúde.
A instabilidade nas atividades de instituições como a USP – paralisadas por pelo menos um mês por greves desde 2004 – não preocupa a multinacional. Este não é um fator que consideramos como de risco, disse Alfredo. O centro brasileiro deve receber uma boa fatia dos investimentos internacionais da GE em tecnologia, hoje no patamar anual de US$ 6 bilhões.
A instalação do novo centro é discutida desde janeiro, quando o presidente mundial, Jeffrey Immelt, esteve no Brasil. Inicialmente, estudou-se também a instalação em Porto Alegre e Recife.
A escolha do novo centro de pesquisas pode coincidir com a inauguração da fábrica de equipamentos para exames de imagem da GE em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. A fábrica, iniciada em 2008, foi um investimento de US$ 50 milhões e irá produzir equipamentos como tomógrafos, mamógrafos e aparelhos de ressonância magnética. Em um primeiro período, a produção será concentrada em aparelhos de raios X. Não será a primeira fábrica de equipamentos da cidade na região metropolitana da capital mineira, que conta com uma unidade produtora de tomógrafos da Philips, em Lagoa Santa (MG).
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