Dentro de duas décadas a população do planeta saltará dos atuais 7 bilhões para 9 bilhões de pessoas. Até 2020, mais da metade dos habitantes estará concentrada nas cidades. A proporção pode chegar a 75% até 2030, com a acelerada urbanização da Ásia e da África. Os números da Organização das Nações Unidas são o principal argumento dos defensores do transporte público para a ideia de que o modelo de deslocamentos individuais – em especial o automóvel – está se esgotando.
Os dados são preocupantes, aponta Conrado Grava, diretor e conselheiro da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANP Trilhos), entidade que operadores de trens metropolitanos e metrôs, bem como fabricantes de equipamentos ferroviários. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 1997 o transporte público representava 68% dos deslocamentos nas cidades brasileiras com mais de 60 mil habitantes. Em 2005 já havia caído para 51%. No mapa desenhado pelo Ipea, a ferrovia equivale a apenas 3% dos deslocamentos, contra 27% do uso rodoviário.
Grava defendeu o trem como a melhor opção para o transporte de massa nos grandes corredores de deslocamento. Uma composição com 1.800 passageiros, disse, equivale à lotação de 43 ônibus ou 1.200 carros – pela média de 1,5 passageiro por veículo da cidade de São Paulo. E o trem ocupa apenas 5% do espaço de carros e ônibus. Investir em trens, porém, requer planejamento amplo, disse o executivo. Segundo ele, é preciso haver integração entre modais, com os trens e metrôs sendo abastecidos por outros meios.
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A fim de estimular o uso pela redução tarifária, a ANP Trilhos está propondo ao governo a volta dos descontos de tarifa de energia para o setor. Na época do lançamento do metrô de São Paulo (anos 1970), o desconto chegava a 75%. Aos poucos, foi sendo retirado e hoje não existe mais.
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