Investir em formação de profissionais de nível técnico e superior, além de realizar parcerias com o poder público para qualificar mão de obra operacional. Essas foram as alternativas encontradas pelas empresas para combater a escassez de profissionais para os grandes projetos no Estado do Espírito Santo.
Na falta de especializações como engenharia ferroviária e naval, as companhias chegam a oferecer pós-graduação gratuita aos formados em áreas derivadas. Esse é o caso de Lucas Pimenta, formado em engenharia de produção. Depois de trabalhar por dois anos em uma siderúrgica, ele pediu demissão para participar da seleção para a pós-graduação em engenharia ferroviária oferecida pela Vale, em Vitória. Enquanto estudava, ele recebia uma bolsa da companhia, que o contratou logo após o fim do curso. “Era uma oportunidade imperdível. Sabia que tinha chances de ser efetivado, mas, de qualquer maneira, estaria qualificado para várias oportunidades no ramo”, afirma Pimenta.
Segundo Andrea Barradas, gerente-geral de recursos humanos da Vale, a empresa assumiu o papel de formar boa parte de seus profissionais no Estado, que tem uma característica peculiar. “Enquanto em outras regiões a Vale atua prioritariamente em mineração, no Espírito Santo nos concentramos na operação logística da empresa”. Essa peculiaridade na operação torna o desafio de formação ainda maior.
Atualmente, a Vale promove treinamentos constantes em parceria com instituições de ensino que resultou, por exemplo, no curso de especialização portuária. O programa de 18 meses é ministrado a 40 alunos previamente selecionados. “Parte do curso é dado em sala de aula, mas também há estudo de casos, estágio e exposição para alta liderança”, afirma Andrea.
As companhias, no entanto, não estão preocupadas somente com a formação no nível superior. A escassez de mão de obra na base da pirâmide fez com que grandes empresas que atuam na região se unissem ao poder público para desenvolver profissionais especializados de acordo com suas demandas.
Na empresa de mineração Ferrous, o projeto de um mineroduto e de um porto no sul do Espírito Santo deve movimentar R$ 2,7 bilhões e gerar 420 contratações até 2014. Após fazer um diagnóstico do perfil da mão de obra local, a companhia fechou parcerias com universidades e com o governo estadual para qualificar pessoas nas áreas técnica e operacional.
Hoje, a Ferrous integra o Grupo de Intermediação Massiva de Mão de Obra (IMMO), que discute e implementa políticas públicas de trabalho para atender às demandas das empresas no médio e no longo prazo. “Fazemos reuniões mensais para mostrar onde estamos investindo e que tipo de formação precisamos”, afirma Kátia Rocha, gerente de RH.
Segundo Tarciso Vargas, subsecretário de trabalho e renda do Espírito Santo, o grupo IMMO começou em 2008, com encontros pontuais entre o governo e os principais investidores da região. Hoje, ele congrega companhias como Petrobras, Vale e ArcelorMittal. “Acompanhamos os empreendimentos desde o início para planejar a qualificação dos profissionais com antecedência”, afirma. Esses estudos conseguem antever cenários de demanda por mão de obra até 2014.
O grupo ainda está em seu primeiro projeto, um piloto para a mineradora Samarco, que deve qualificar 400 pessoas para a construção de uma usina na região de Guarapari, a 50 quilômetros da capital. “O Estado promoveu cursos e a empresa ofereceu bolsas de estudos aos alunos. Assim que as contratações iniciarem, já teremos um banco de dados com profissionais formados”, diz Vargas.
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