O consórcio coreano agora também quer que a data do leilão do trem-bala entre Campinas e Rio seja adiado. No fim do ano passado, os coreanos eram os únicos a dizer que tinham o projeto pronto para participar da licitação, marcada inicialmente para o dia 16 de dezembro. O pedido das empresas para que o governo adie a nova data de entrega das propostas – 29 de abril -, no entanto, não está relacionado necessariamente à falta de tempo para realizar o projeto, e sim à possibilidade de negociar melhor as condições de participação.
Segundo Paulo Benites, representante do consórcio coreano, o grupo deseja mais tempo para apresentar sua proposta porque está negociando a entrada de novos parceiros para aumentar o capital. “Esse processo toma tempo, e por isso um prazo a mais facilitaria”, diz. Há rumores de que o consórcio reformulou sua participação. Benites, no entanto, diz que apenas houve uma aproximação maior das empresas à discussão, sem haver mudança no interesse do consórcio.
A posição dos demais consórcios é menos positiva. Paulo Alvarenga, diretor de Mobility da Siemens, diz que não é possível cumprir o prazo e pede mudanças no edital. “Sempre tivemos a posição de que, da forma como o edital está estruturado, há muita resistência dos bancos e agências de fomento para apoiar o projeto”, diz. Segundo ele, a receita do trem-bala não é suficiente como garantia para o investimento. Os grupos espanhol e chinês também não devem participar.
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Faltando um mês para o leilão, as empresas ainda discutem os mesmos pontos: os riscos de demanda de passageiros, a falta de um projeto de engenharia, a minimização dos riscos e as incertezas sobre o custo do projeto. Segundo um dos consórcios interessados, o governo precisa dar mais garantias se quiser que o projeto seja tocado apenas com recursos privados.
Há uma expectativa das empresas de que o governo aumente a sua participação no projeto. Hoje a União deve participar como investidora por meio da criação da Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade (Etav), com aporte de R$ 3,4 bilhões – R$ 2,3 bilhões referentes às desapropriações. Há também o financiamento de até R$ 19,9 bilhões pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
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