Sete empresas estrangeiras participaram da segunda rodada de palestras sobre tecnologias para o transporte de passageiros sobre trilhos.
O evento “Tecnologia Ferroviária para o Transporte de Passageiros” – promovido pela Secretaria de Política Nacional de Transportes (SPNT), por meio do Departamento de Relações Institucionais (Derin) – ocorreu nesta quinta-feira, 31, em Brasília, e foi transmitido ao vivo pela Agência T1, em parceria com a ANPTrilhos. Nos próximos dias você poderá acompanhar no Canal T1 as entrevistas realizadas durante o Seminário.
Entre as interessadas em oferecer os trens ao mercado brasileiro estavam presentes a Alstom (francesa), Siemens (alemã), Bombardier (canadense), CAF e Talgo (ambas de origem espanhola), Hitachi (japonesa) e a Hyundai Rotem (sul-coreana).
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Segundo o coordenador do evento e diretor do Departamento de Relações Institucionais do Ministério dos Transportes (Derin), Afonso Carneiro Filho, as palestras técnicas de tecnologias de material rodante são importantes para que as pessoas entendam mais o transporte sobre trilhos. “Há algum tempo estamos promovendo essas palestras técnicas para que as pessoas possam conhecer, compreender e verificar que tecnologia temos, atualmente, voltada para o transporte sobre trilhos”, disse.
O evento fez parte das ações do Projeto Trens Regionais, desenvolvido pelo Ministério dos Transportes, vinculadas ao Plano de Revitalização de Ferrovias, onde se inclui o Programa de Resgate do Transporte Ferroviário de Passageiros.
Na abertura do evento, o secretário de Política Nacional de Transportes, Marcelo Perrupato, falou que o transporte ferroviário precisa ser planejado, com ações de longo prazo, e não com ações pontuais. “O transporte tem que ter uma cultura permanente, uma visão de manutenção do processo de planejamento. Ele não é um livro, uma ação de marketing, mas sim um processo”.
Debates
Cada empresa teve 45 minutos para explanar a sua tecnologia utilizada na construção de material rodante. Preço dos trens, experiências em outros países, transmissão de tecnologia para o Brasil, soluções para o transporte ferroviário com diferentes tipos de bitola – distância das faces interiores das cabeças de dois trilhos – sem a troca de truques, monotrilhos, transporte intermunicipal, Veículos Leves sobre Trilhos (VLT´s), Trens-Unidade Elétricos (TUE), Trens-Unidade Diesel (TUD), Trens Pendulares (Tilting Train) e o Trem de Alta Velocidade (TAV) foram amplamente discutidos.
Questionado pelo público presente sobre os custos reais de produção de um trem ou vagão ferroviário, o diretor de desenvolvimento da empresa francesa Alstom, Wagner Ribeiro, disse que é complicado avaliar o valor exato de quanto cada carro custa. “Os trens são produzidos especificamente para cada situação e para cada projeto há um custo fixo elevado. Então, falar quanto custa cada carro é difícil”.
Com relação às fortes chuvas enfrentadas pelas cidades brasileiras no verão, todas as empresas afirmaram que os vagões e o sistema ferroviário operam em condições adversas. Conforme o representante da Bombardier no Brasil, Edyval Campanelli, os trens suportam todas as condições atmosféricas. “Os vagões não sofrem nenhum tipo de problema nas adversidades climáticas apresentadas no país. E isso é notado na chuva, neve e areia”. Outro problema conhecido na malha ferroviária brasileira são os diferentes tipos de bitola, que variam entre 1 m a 1,6m. A Talgo possui a troca de bitolas, durante o percurso, pelo Sistema Automático de Mudança de Bitola.
Leilão e TAV
No evento, as empresas citaram o possível adiamento do leilão da Trem de Alta Velocidade – TAV. O diretor do departamento comercial da Hyundai Rotem, Malcolm Lunau, explicou as pretensões da empresa no Brasil e disse que nos Estados Unidos a Rotem precisou montar uma fábrica para atender a demanda. “já estivemos no Brasil, antes que os coreanos, visitando locais para fazer as instalações, praticamente já temos um local definido assim que houver o resultado do leilão, que por sinal eu fiquei sabendo hoje que deve ser adiado para julho”, disse.
A expectativa é que o edital seja adiado mais uma vez, agora para o mês de julho. Os pedidos de adiamento foram feitos pela Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer) e a Associação para o Desenvolvimento do Trem Rápido entre Municípios (AD-Trem), que representa fabricantes de trens de diversos países. As entidades pedem mais prazo para organizar melhor sua participação na licitação e para que outras empresas entrem na disputa.
Marcado inicialmente para o dia 16 de dezembro, o Leilão foi adiado para 29 de abril. O prazo para entrega da documentação dos interessados encerra em 11 de abril. Caso seja adiado, a entrega dos documentos deve acompanhar a nova data.
Otimista com o desempenho da sua empresa no Brasil, o gerente comercial da CAF, Ricardo Sanchez, garantiu que qualquer projeto feito no Brasil será produzido na fábrica da empresa em solo brasileiro, no município de Hortolândia-SP. “Nós temos o compromisso com o Brasil de que qualquer projeto que é feito aqui será produzido no país, seja de VLT ou TAV. Alguns equipamentos que não existem no Brasil e precisam ser importados, mas a montagem do trem e a submontagem dos equipamentos serão feitos aqui. Se ganharmos o leilão, o trem será construído sem nenhum problema, independente do financiamento, seja do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), qualquer um que seja”, afirmou.
Outras empresas também manifestaram as intenções de implantar uma fábrica no país, como a Bombardier e a Alstom.
Monotrilhos
De origem europeia, os monotrilhos são produzidos, atualmente, pelas empresas japonesas. A empresa Hitachi será a responsável pela construção e fornecimento do material rodante de monotrilhos na cidade de São Paulo. Conforme dados do vice-presidente da Hitachi no Brasil, Toshiro Iwayama, o comprimento da via da capital paulista terá 25,4Km. “O monotrilho é um transporte de média capacidade que existe em vários países. Seu custo de implementação é mais barato que o do metrô convencional, no subsolo. Como ele é suspenso, evitaria desapropriações e teria execução mais rápida”.
Contrário à opinião da Hitachi, o gerente executivo da Siemens, Marco Missawa, acredita haver mais desvantagens do que vantagens no monotrilho. “Não fabricamos monotrilho, pois não consideramos uma tecnologia promissora. O monotrilho nunca fez parte dos nossos projetos, ele não é um sistema principal de transporte, o metrô seria. Há também o fator de transportar uma quantidade de passageiros inferior ao metrô”.
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