A passagem do presidenciável José Serra (PSDB) por Goiás na terça-feira reacendeu o antigo debate sobre a implantação de um metrô em Goiânia. Tema que já rendeu acaloradas discussões em outras campanhas, a promessa do tucano de levar adiante a obra, caso eleito, abriu espaço para propostas e críticas dos adversários do PSDB goiano.
O candidato a governador do PMDB, Iris Rezende, pegou carona nas declarações de José Serra para alfinetar o PSDB e afirmar que vai implantar metrô na capital, caso eleito. “Eu vi ontem (anteontem) o candidato a presidente José Serra falando de metrô. Acho que ele falou porque o PSDB de Goiás ficou desmoralizado, porque eles vêm há 12 anos falando de metrô e nunca levantaram uma palha”, afirmou Iris em entrevista ontem durante evento de campanha em Campinas.
“Tanto é que ele (Serra) nem deixou que os candidatos do PSDB no Estado falassem, puseram ele para falar porque ele nunca tinha se virado para isso”, ironizou o candidato peemedebista. “Mas quem vai construir metrô aqui é o PMDB, o PC do B e o PT (partidos que compõem a coligação irista), por que nós vamos assumir (a proposta) e o povo sabe que o governo, nas nossas mãos, realiza.”
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Iris se referia ao fato do candidato a governador do PSDB, Marconi Perillo, ter prometido executar a obra durante seus mandatos como governador (1999 a 2006). O tucano chegou a viajar para a Espanha para conhecer modelos adotados no país, mas não conseguiu captar o financiamento necessário para a execução do projeto, que acabou engavetado.
A necessidade de recursos de fora deve-se ao alto valor de uma obra deste porte. A estimativa é de que um metrô de superfície em Goiânia, modelo considerado mais viável para a cidade, fique em torno de 700 milhões de dólares, valor que o Estado e o município não teriam como bancar sozinhos. A perspectiva é de que seria utilizado um modelo chamado VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos) na Avenida Anhanguera, onde hoje circula o Eixão. A construção de um metrô subterrâneo em Goiânia é praticamente descartada pelos especialistas devido à complexidade e ao elevado valor da obra.
Serra afirmou em evento na Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) que era uma “barbaridade” Goiânia ainda não contar com um metrô e disse que era o momento de discutir o projeto. “O metrô agora é mais barato pelo tamanho da cidade. Já é grande (Goiânia), mas não é uma São Paulo ou Rio de Janeiro, que aí tudo encarece mais”, justificou.
O presidenciável disse que o senador Marconi Perillo fez sua parte ao elaborar um projeto quando era governador e culpou o governo federal pela obra nunca ter saído do papel, ainda que a proposta tenha ressurgido quando o PSDB governava o País. Posteriormente, em entrevista ao POPULAR, o tucano disse que é possível reunir recursos das esferas federal, estadual e municipal, além da iniciativa privada e financiamentos internacionais, para executar a obra.
Discussão
O metrô foi um dos pontos mais polêmicos da disputa pela Prefeitura de Goiânia em 2008, quando o candidato do PP, Sandes Júnior, a colocou como sua principal plataforma de campanha. Iris, que disputava a reeleição, criticou o fato de Sandes prometer entregar o metrô em quatro anos.
Disse que o prazo era “irresponsável”, devido à imprevisibilidade da liberação dos recursos internacionais necessários para iniciar a obra e o fato de não haver nem projeto. O peemedebista, no entanto, citou em entrevistas e colocou em seu plano de governo a proposta de formar na prefeitura um grupo de estudiosos para elaborarem um estudo sobre o melhor modelo de metrô para Goiânia e deixarem um pré-projeto pronto. Mas a ideia não prosperou.
Iris, segundo auxiliares, chegou a participar de duas reuniões com grupos empresariais da área para conhecer projetos de metrô e discutir alternativas para a capital. Mas a perspectiva de deixar a Prefeitura para disputar o governo, justificam aliados, fez com que não levasse adiante o projeto. A tendência agora é de que a proposta integre do plano de governo do PMDB.
Vanderlan e Paulo dizem já ter projetos
O candidato a governador do PR, Vanderlan Cardoso, também entrou no debate sobre o metrô de Goiânia e prometeu ontem, se eleito, investir no modelo de transporte. “Temos duas propostas em estudo – o Veículo Leve sobre Trilhos e o Monotrilho Suspenso. Contratamos uma empresa japonesa para nos fornecer orçamento e uma ideia do projeto”, contou o republicano.
Vanderlan acredita que o Monotrilho Suspenso seria uma opção mais adequada para a cidade por passar por cima dos cruzamentos, ao contrário do VLT, que iria interferir no trânsito. “A discussão sobre o metrô deve iniciar de imediato porque Goiás já está ficando para trás nesta questão. Não há como esperar”, disse o candidato. “Contratamos uma empresa japonesa para nos fornecer o orçamento e uma ideia do projeto.”
O candidato defendeu que a discussão sobre o metrô tem de ser iniciada imediatamente e disse que Goiás está ficando para trás nesta questão. “Não há como esperar, temos de investir nesse debate e buscar parcerias. Podemos arrumar recursos estrangeiros, com o governo do Japão, por exemplo .”
Mas não são apenas os governadoriáveis que estão de olho na implantação do metrô. O prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), aliado de Iris Rezende, disse que mantém reuniões com empresários interessados no projeto. “Recebi um grupo coreano e um espanhol e tenho conversado com o Bird sobre o metrô. Estamos tocando o projeto”, contou o prefeito.
O petista também aproveitou para criticar os tucanos. “Mas não fazemos igual eles (PSDB), que já prometeram metrô várias vezes e até hoje não entregaram nada. Só vamos anunciar no dia que formos fazer”, disse. “Pelo jeito o Serra esqueceu que eles foram governo, aqui e em Brasília, por vários anos”, ironizou.
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