Em tom de campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, em visita às obras da Ferrovia Norte-Sul, no Tocantins, que alguns políticos não gostam de pobres e torcem para que as coisas não dêem certo para que voltem ao poder. “Tem um tipo de político no Brasil que por mais experiência que ele tenha, por mais mandatos que tenha, por mais cargos que ele tenha exercido, ele está sempre torcendo para que as coisas não dêem certo no Brasil, para ver se eles voltam”, disse, referindo-se indiretamente aos tucanos, que disputarão o Palácio do Planalto com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB).
“Neste país tem um tipo de político que não gosta de pobre, tem um tipo de político que não respeita os trabalhadores, que acha que a gente dar dinheiro para a pessoa comprar arroz e feijão para comer é assistencialismo. É assistencialismo para quem toma café-de-manhã, almoça e janta e ainda joga metade da comida fora, que sobrou”, reiterou o presidente, afirmando ainda que é muito fácil fazer críticas sentado numa sala com ar-refrigerado.
Mais uma vez Lula se comparou ao ex-presidente JK. “O Juscelino Kubitschek, que hoje é tido como o mais importante presidente da história do país, é uma pena que vocês todos não tivessem nascido para ver como é que foi o mandato do Juscelino Kubitschek. Ele era chamado de ladrão todo dia, ele era provocado todo santo dia e ele não perdia a calma. As ofensas que faziam a ele, fazem pior a mim”, reclamou.
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Acompanhado do governador Marcelo Miranda (PMDB) e do ex-presidente José Sarney, Lula afirmou que de vez em quando o país precisa ter humildade e fazer justiça às pessoas. “Uma coisa eu tenho tranqüilidade, Sarney: nunca o ofendi, nunca lhe fiz uma provocação com uma palavra que eu não pudesse dizer publicamente. E eu sei o quanto este homem foi ofendido, eu sei como ele foi atacado”.
Importância
O presidente Lula vistoriou hoje o trecho ferroviário Araguaína-Aguiarnópolis da Ferrovia Norte-Sul, em Aguiarnópolis (TO) e afirmou que a obra “é extremamente importante para desenvolver o Centro-Oeste brasileiro”. O presidente inspecionou obras da ferrovia, que teve início na década de 80 e foi retomada pelo governo federal. Ele sobrevoou a ferrovia de helicóptero e depois subiu em um trem que percorreu um pequeno trajeto da ferrovia projetada para contar com 1.980km de extensão.
A Ferrovia Norte-Sul ligará Belém até a cidade de Anápolis, em Goiás, abrangendo oito estados: Maranhão, Tocantins, Goiás, nordeste do Mato Grosso, sudeste do Pará, sul do Piauí, oeste da Bahia e noroeste de Minas Gerais. “É extremamente importante para o processo de integração da riqueza desse país, para o processo do escoamento da produção da nossa riqueza”, ressaltou Lula.
Segundo ele, agora, a construção não será mais interrompida. “Essa obra não pára mais. Essa obra vai continuar, porque a desgraça desse país sempre foi que um presidente começava uma obra e outro vinha e parava, porque tinha de começar a dele”. A previsão do Ministério dos Transportes é que o trecho entre Belém e Anápolis seja encerrado até o final do ano.
Na visita, Lula reconheceu que tem passado por muitas dificuldades no exercício da Presidência, mas que nunca perdeu a tranqüilidade. “Agora, quando a gente chega ao cargo de presidente, a gente não tem que perder a tranqüilidade. Toda vez que eu fico aperreado lá dentro, eu fico pensando: deixa eu ir me encontrar com o povo, porque o povo pensa outra coisa, o povo tem outra cabeça”, disse.
A construção da ferrovia foi alvo de denúncias de corrupção
Crítico feroz da Ferrovia Norte-Sul nos anos 1980, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem, durante visita às obras da ferrovia, um mea culpa. Ele convidou o senador José Sarney (PMDB-AP), idealizador da obra quando ocupou a Presidência da República, para comparecer ao evento e não lhe poupou elogios.
“Quantos discursos nós fi
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