As companhias brasileiras exportadoras de frango já começam a aderir ao uso de ferrovias para transporte de refrigerados. Atualmente, uma parte ainda pequena da carga viaja por este meio com destino aos portos, mas a tendência é de que os volumes cresçam. Pelo menos quatro já firmaram contrato com a América Latina Logística (ALL), uma das empresas que estão investindo pesado para atrair esse tipo de carga para o modal.
A principal motivação das indústrias de alimentos para a mudança é a redução de custos. A economia com frete depende da distância que estão dos terminais ferroviários, demandando, portanto, maior ou menor utilização de trechos rodoviários.
A Agrícola Jandelle, que comercializa a marca Big Frango, foi favorecida pela geografia. A fábrica de processamento de frango fica em Rolândia (37 km a oeste de Londrina, norte do Paraná), a 10 km do terminal recém-construído pela ALL em Cambé, no mesmo Estado. Com isso, segundo cálculos do diretor de Logística, Hélio Schorr, os desembolsos com frete devem cair entre 20% e 25% quando uma quantidade maior de carga viajar de trem. Já a Seara, que tem fábricas distantes em média 300 km do terminal, a economia tende a ser menor, mas mesmo assim é representativa. A redução de custos é equivalente ao gasto com 1.000 km de transporte rodoviário. O diretor de logística Lio Macedo destacou que o frete representa entre 10% e 15% dos custos totais de exportação.
As cargas são transportadas em contêineres refrigerados, abastecidos já nas fábricas e colocados em vagões plataformas. Como a maior parte das indústrias do setor está no Sul do País, os portos mais utilizados são os dessa região. Mas há projetos para atrair empresas do Centro-oeste e do Triângulo Mineiro, onde estão importantes representantes do setor que exportam pelo Porto de Santos.
O aumento do transporte de cargas industrializadas, como o frango congelado, é uma das apostas para o crescimento da ALL nos próximos anos. Atualmente são transportadas em torno de 20 toneladas por mês, mas a expectativa é de um aumento expressivo desse tipo de carga em 2007.
Os planos são de expandir o volume transportado das empresas que já atende (Sadia, Frangosul, Big Frango, Unifrango e Seara), além de prospectar novos clientes nas áreas de carne bovina e suína. O diretor industrial Alexandre Campos ressalta que a ALL mantém uma agressiva equipe de vendas para captar novos negócios. Apesar de não revelar a meta, acredita ser factível triplicar o volume de cargas frigorificadas em 2007.
Campos destaca que a intermodalidade é fundamental nesse processo, já que cria capilaridade e oportunidades para a ferrovia. ´´A compra da Delara em 2001 foi um divisor de águas para a empresa nesse segmento´´, afirma. Ele explica que, além da logística (com caminhões), a ALL ganhou expertise e novos clientes.
O executivo calcula que o transporte rodoviário integrado à ferrovia pode oferecer uma redução de custos média de frete de 15%. O executivo informa que o ganho sobe quando é aplicado para grandes volumes e grandes percursos, mas lembra que há trechos pequenos em que a companhia também consegue ser competitiva, como o percurso de cerca de 100 quilômetros entre Curitiba e o porto de Paranaguá.
Tempo de transporte da carga é maior
A única inconveniência apontada pelas indústrias para o uso de ferrovias é o maior tempo de transporte. Há casos em que o prazo chega a quadruplicar. Hélio Schorr, da Agrícola Jandelle, explicou que a operação de saída da carga da fábrica até o embarque, que em média dura 36 horas por caminhão, pode chegar a cinco dias. Por isso, segundo ele, apenas pequenas quantidades por enquanto estão seguindo por esta via. Em média, despacha por trem 5 a 10 contêineres por semana, mas o objetivo é chegar a 4 por dia, o que exigirá uma programação bem racional. ´´Precisamos fazer este ajuste interno´´, disse. A meta é usar ferrovia em pelo menos
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