Reestruturação de dívida da Invepar depende da Lamsa

Foto: Alexandre Cassiano/Agência

O acordo fechado pela Invepar com seus credores para reestruturar uma dívida de R$ 2,5 bilhões só será de fato concretizado depois que houver uma definição para a situação da Linha Amarela S.A. (Lamsa), apurou o Valor com fontes próximas à negociação.

No último dia 16 de setembro, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, em decisão garantida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou a encampação da Lamsa, via expressa de 17,4 quilômetros que liga a zona norte à Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio. A Lamsa, um dos principais ativos da Invepar, já recorreu da decisão. Se a decisão do prefeito for mantida, o acordo de reestruturação recém-fechado perderá efeito, informam as fontes.

Após meses de intensa negociação com credores, no último dia 28 de setembro, ficou acordado que, para sanar sua dívida, a Invepar entregaria a eles a Lamsa e o Metrô do Rio, de acordo com fontes. Os dois ativos são parte das garantias de debêntures emitidas pela empresa e adquiridas pelos fundos de pensão Previ, Petros e Funcef e pelos investidores Farallon e Mubadala.

Outros dois ativos também compunham as garantias das debêntures: a Concessionária Auto Raposo Tavares (CART), vendida no fim do ano passado para o Pátria; e o aeroporto de Guarulhos, que continuará com a Invepar.

A empresa emitiu as debêntures para conseguir com esses investidores um empréstimo-ponte, até que encontrasse um comprador. Isso nunca aconteceu. As dificuldades da Invepar se agravaram em maio do ano passado, quando a OAS, então sua acionista de referência, teve de entregar sua participação na empresa a credores, que foram reunidos no Fundo de Investimento em Participações (FIP) Yosemite.

O FIP e os mesmos três fundos de pensão que são credores passaram a dividir a companhia, cada um com uma fatia de cerca de 25%. A Invepar, no entanto, ficou acéfala, sem um comando de um acionista estratégico, e, este ano, viu seus ativos, ligados à mobilidade urbana, serem duramente atingidos pela pandemia.

Ivan Rodarte, sócio da Synchro Partners, que assessorou o FIP Yosemite nessa negociação, afirma que ela começou assim que a participação da OAS na Invepar foi entregue aos credores. E foi acelerada pela pandemia. O plano inicial não era entregar ativos, mas a pandemia e seu forte impacto sobre os negócios não deixou outra saída, afirma. A reestruturação vai permitir a desalavancagem da holding, disse.

Como os fundos de pensão eram tanto credores quanto acionistas da companhia, o FIP Yosemite, com a assessoria da Synchro, transformou-se, do ponto de vista da negociação, na única parte não conflitada para discutir os termos do acordo com os credores. O mesmo papel foi exercido por Farallon e Mubadala, que são apenas credores da companhia.

Rodarte não confirma o nome dos ativos que serão transferidos para os credores. Prefiro não comentar, já que, neste momento, a companhia optou não ser objetiva em relação a isso. São aqueles previstos nas garantias das debêntures, disse Rodarte, acrescentando apenas que há uma série de condições a serem cumpridas até que a reestruturação seja concretizada.

Procurados, Farallon e Mubadala não concederam entrevista.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/10/01/reestruturacao-de-divida-da-invepar-depende-da-lamsa.ghtml

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