A prefeitura de Curitiba anunciou ontem que o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, aprovou o projeto do Plano Diretor Multimodal de Curitiba, que prevê a construção de um desvio ferroviário em torno da capital. O projeto foi desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), em parceria com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). De acordo com a assessoria da prefeitura, a informação foi repassada ontem à tarde, quando o prefeito Beto Richa e o presidente do Ippuc, Cléver Teixeira, estiveram reunidos com Nascimento, em Brasília.
Teixeira disse que técnicos do Ministério decidirão se a licitação para a contratação da empresa que fará o projeto de engenharia ficará sob responsabilidade do governo federal ou da prefeitura. “O ministro autorizou o processo para viabilizar o projeto de engenharia. Ele pediu para ver quais os procedimentos necessários para convocar uma nova reunião, mas técnica”, afirmou. “Vai ser visto se isso vai ser licitado pelo governo federal ou se vai haver algum convênio com o município.” Em matéria publicada pela Gazeta do Povo em 20 de março deste ano, o DNIT informou que o projeto teria um custo aproximado de R$ 8 milhões. A obra custaria cerca de R$ 498 milhões. “É um valor estimado, com base em outras obras”, disse Teixeira. Segundo ele, o valor só poderá ser estimado quando o projeto for concluído.
O plano consiste na desativação do ramal ferroviário ao longo de Curitiba, Almirante Tamandaré e Pinhais, numa extensão de 41,2 quilômetros. O projeto prevê a criação de dois traçados. O primeiro deles, a oeste, passaria pela Cidade Industrial de Curitiba (CIC) e contornaria o perímetro urbano de Almirante Tamandaré, paralelamente aos traçados dos Contornos Norte e Sul, chegando ao antigo ramal que liga Curitiba a Araucária. O outro traçado, a leste, seria implantado paralelamente ao Canal Extravasor, ao longo do Rio Iguaçu, ligando Piraquara a São José dos Pinhais. O desvio se conectaria ao ramal existente após a zona urbana de Pinhais, em direção a Piraquara, e integraria também o aeroporto Afonso Pena, em Pinhais, e os portos de Antonina e Paranaguá.
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“A obra é vital para Curitiba e os outros municípios, já que serão retirados os ramais ferroviários de dentro das cidades, que já causaram muitos transtornos”, comentou Cléver Teixeira. “O projeto traz benefícios para as cidades e há a possibilidade de implantar terminais intermodais.” Segundo ele, é difícil prever quando a obra começará ou será entregue. “É difícil falar na duração de uma obra, em um ambiente que precise de menos interferências a velocidade é maior. Também depende da liberação dos recursos.”
Na reunião de ontem, foi também levantada a possibilidade de a União ceder as áreas hoje ocupadas pela linha férrea para projetos da prefeitura de Curitiba. “A prefeitura já fez estudos para a ocupação dessas áreas. Dependendo da região elas podem ser aproveitadas para o sistema viário, para parques lineares ou ciclovias”, disse Teixeira. “Mas essa transferência só será possível com a implantação do novo contorno.” As assessorias do Ministério dos Transportes e do DNIT não confirmaram ontem que o ministro aprovou o projeto. Segundo a assessoria do Ministério, antes do projeto de engenharia deve ser feito um projeto de viabilidade da obra. Cléver Teixeira disse que esse estudo já foi feito, pelo próprio DNIT.
Linha Verde pode ser de Curitiba – Na reunião em Brasília, o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, também considerou a possibilidade de transferência definitiva da Linha Verde para o município de Curitiba. Como se trata de uma antiga rodovia, a área é concedida ao município. “Existe um processo em tramitação dentro do Ministério para transferência definitiva”, disse Cléver Teixeira, presidente do Ippuc. “Para o projeto em si não muda muita coisa, já temos concessão da rodovia e as obras foram baseadas nessa concessão. O que pretendemos é regularizar a fiscalização, que hoje é feita em parceira pela Polícia Rodoviária Federal e a Diretran. (A antiga rodovia) adquiriu características urbanas e isso tem dificultado o trabalho da Polícia Rodoviária.”
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