O projeto da Linha 3 do metrô, que ligará Niterói (Araribóia) a São Gonçalo (Guaxindiba), está cada vez mais próximo de se tornar realidade. Nesta quarta-feira (17/09), foi realizada a primeira audiência pública, no Clube Mauá, em São Gonçalo, para a aquisição da licença prévia ambiental, o que possibilitará, posteriormente, a licença de instalação para o início das obras. O público que compareceu à audiência pôde conhecer mais sobre o projeto e tirar dúvidas com os engenheiros e consultores responsáveis pela obra e, também, com o secretário de Transportes, Julio Lopes.
A extensão da primeira etapa do traçado da Linha 3, entre Araribóia e Alcântara, será de 23 quilômetros de extensão, sendo 0,5 quilômetro enterrado, 18,3 em elevado e 4,2 quilômetros em superfície. Segundo o engenheiro Bernardo Golebiowski, da Noronha Engenharia, a escolha do traçado em elevado foi a solução mais adequada, pois a Linha 3 passará por grande concentração urbana.
– Isto minimiza, significativamente, a necessidade de desapropriações e as interferências socioeconômicas e ambientais. Grandes cidades do mundo, como Detroit, Hong Kong e Vancouver optaram pela utilização do metrô num traçado elevado. O custo da implantação é muito menor comparado ao traçado soterrado – explicou o engenheiro.
Segundo Julio Lopes, o metrô é um transporte de alta capacidade e fundamental para a população. O secretário explicou que já existe um primeiro convênio firmado com a CBTU, órgão ligado ao Ministério das Cidades, no valor de R$ 37 milhões.
– O VLT, proposto por alguns técnicos, partiria a cidade em duas. O Metrô é o sistema mais eficaz para o trecho. Os recursos existentes servirão para romper as primeiras etapas neste ano, como instalação de canteiros de obras. Estamos contando com os recursos do Orçamento Geral da União para o ano que vem, excesso de arrecadação do estado e outras alternativas para acelerar a execução do projeto. O corredor da Linha Três é prioritário devido ao grande movimento de passageiros entre São Gonçalo, Niterói e o Rio. Nosso objetivo é levar adiante um projeto de mais de 20 anos – afirmou Julio Lopes.
A estimativa é que mais de 100 mil passageiros utilizem a nova linha do metrô diariamente. Hoje, o tempo de deslocamento entre São Gonçalo e Niterói no horário de pico é de aproximadamente 1h25. Com a Linha 3, o mesmo trajeto poderá ser feito em apenas 20 minutos. O obra proporcionará a criação de oito mil novos empregos, sendo 2.500 diretos e 5.500 indiretos. A previsão é que os trabalhos durem 3 anos e meio.
Serão construídas 14 estações, sendo uma soterrada, duas em superfície e 11 elevadas. As estações serão: Araribóia, Jansen de Melo, Barreto, Neves, Vila Laje, Paraíso, Parada 40, Zé Garoto, Mauá, Antônia, Trindade, Alcântara, Jardim Catarina e Guaxindiba. O valor estimado para a construção da nova linha é de R$ 1,3 bilhão, sendo 80% financiados pelo governo federal e 20% pelo estadual.
O estudo de impacto ambiental identificou as prováveis conseqüências decorrentes da implantação e operação do empreendimento. Entre os impactos positivos, o estudo apontou o número de profissionais que serão contratados para a construção da obra, a diminuição dos riscos de acidentes de trânsito, aumento da segurança, em função da confiabilidade do sistema e a redução do tempo de viagem. Outros aspectos positivos apontados foram a redução da emissão de gases poluentes na atmosfera, a oferta de serviço de transporte de alta capacidade e a melhoria do trânsito na região.
Alguns aspectos negativos também foram apontados como pequenos reflexos quanto à erosão superficial, desapropriações e indenizações ao longo do traçado, aumento da produção de partículas de sons durante a obra, interferência no trânsito durante a fase de construção e descaracterização da paisagem urbana nos trechos em elevado.
O estudou de impacto ambiental apontou, ainda, alguns programas que fazem parte da implantação da obra, como Plano Ambiental para a Construção (PAC), Programa de Monitoramento da Qualidade do Ar, Ruído e Vibrações, Programa de Ressarcimento à População, Programa de Comunicação Social e de Proteção ao Patrimônio Cultural.
A obra da Linha 3 foi licitada em 2002. O projeto foi dividido em duas partes: Lote 1 e Lote 2. No Lote 1, a linha sairia do Largo da Carioca, no Rio, atravessaria a Baía de Guanabara por baixo d’água, chegando até a Estação Araribóia, em Niterói, num total de 6 quilômetros de extensão. Essa parte do projeto será desenvolvida num outro momento.
A segunda audiência pública será realizada nesta quinta-feira (18/09), às 19h, no Combinado 5 de Julho, no Barreto, em Niterói. Após a realização da audiência, a população terá dez dias para enviar as manifestações para a central de atendimento da Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente) ou para a Ceca (Comissão Estadual de Controle Ambiental).
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