A indústria ferroviária está a pleno vapor: bateu todos os recordes de produção de vagões nos últimos anos e retomou a fabricação de locomotivas no País. Tudo isso impulsionado pela demanda crescente do transporte de cargas via estrada de ferro, que incentivou a abertura de fábricas de equipamentos e a reativação de unidades antigas, como Cobrasma, Santa Matilde, Mafersa e FNV.
Em 2005, as ferrovias foram responsáveis por mais de 400 milhões de toneladas de carga transportada no Brasil, o que aumentou a demanda por vagões, seja por parte das concessionárias ou por empresas que dependem dos trilhos para levar suas mercadorias até os grandes portos. Segundo o diretor da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça, a perspectiva é que a produtividade mantenha o ritmo de crescimento de 10% ao ano até 2010.
Isso deve manter aquecida a indústria ferroviária, cuja produção de vagões no ano passado cresceu 66% e atingiu 7.500 unidades – número recorde. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Luis Cesário da Silveira, o maior volume de produção ocorreu em 1975 – época de ouro do setor.
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De lá pra cá, a indústria ferroviária mergulhou num ciclo de altos e baixos. Na década de 80, conseguiu segurar a produção na casa dos mil vagões por ano, número reduzido a 200 ou 300 unidades nos anos 90. Em 1991, a indústria fabricou apenas seis vagões. Mas, com a privatização das concessionárias, no final da década, a indústria se recuperou.
O bom desempenho do setor deve-se mais ao sucesso das exportações, especialmente as de produtos agrícolas. De olho nesse movimento crescente, algumas empresas reativaram indústrias que fizeram história. Uma das primeiras foi a Cobrasma, de Osasco, restabelecida pela Amsted Maxion, do Grupo Iochpe Maxion. Hoje a companhia tem mais duas plantas: a outra unidade da Cobrasma, em Hortolândia, e a antiga fábrica da FNV, em Cruzeiro, ambas em São Paulo.
Outra que teve o fôlego renovado foi a Santa Matilde, que encerrou suas atividades com a falta de encomendas do setor ferroviário. Em 1991, os funcionários da empresa falida decidiram formar a Cooperativa Mineira de Equipamentos Ferroviários (Coomefer) para fabricar componentes para vagões.
A linha de produção do vagão somente surgiu em 2003. Hoje, além de fabricarem, os trabalhadores recuperam equipamentos antigos. A fábrica tem capacidade para produzir até 120 vagões por mês, afirmou o presidente da Coomefer, instalada em Conselheiro Lafaiete (MG), Edmundo do Nascimento. No ano passado foram produzidos 480 vagões e recuperadas 2.500 unidades.
Além da reativação de unidades antigas, novas fábricas foram instaladas. Entre as companhias que apostaram no setor ferroviário está a Randon, fabricante de veículos especiais e autopeças. Segundo o diretor executivo Norberto Fabris, o crescimento do setor ferroviário chamou a atenção da empresa, que já colocou cerca de 600 vagões no mercado nos dois primeiros anos de produção. Entre agosto e setembro, outras 650 unidades serão entregues.
A empresa se especializou na produção de vagões graneleiros e tem capacidade para produzir até cinco por dia. Mas como o setor está aquecido e os resultados têm sido satisfatórios, a Randon decidiu ampliar a produção, construindo um novo pavilhão de 11.200 m². Com isso, além dos vagões graneleiros, a empresa também vai fabricar tanques ferroviários para o transporte de óleos vegetais e combustíveis. A expectativa é alcançar cerca de mil unidades por ano.Outra fábrica importante é a Santa Fé, da América Latina Logística (ALL) em parceria com o Grupo Besco, instalada em Santa Maria (RS). “Vimos que a demanda por vagões estava crescendo e basicamente só havia uma empresa para atender o mercado, a Maxion”, afirmou o gerente financeiro da ALL, Carlos Augusto Moreira. A fábrica, que começou a funcionar em dezembro, já tem encomendas de 150 unidades para este ano. O
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