País planeja inaugurar 72km de metrô até 2011

Depois de muita promessa em vésperas das eleições, o processo de expansão da rede metroviária nas grandes cidades do país parece ter realmente “engatado”.


Obras em andamento – em diferentes ritmos, é verdade – ou em estágio avançado de planejamento em São Paulo, Rio, Brasília, Porto Alegre, Salvador e Fortaleza, se mantidos os prazos, permitem prever que até o fim de 2011 estarão prontos novos 72 km de linhas.


Como comparativo, a rede de metrô de São Paulo, a maior do país em operação, tem 61,3 km no momento.


O andamento dos trabalhos, no entanto, não é uniforme. Entre outros motivos, porque há um cipoal de “modelos” de gestão de Metrôs pelo país: no momento, há investimentos feitos pelo governo federal (por meio do PAC), Estados, municípios e iniciativa privada.


Para engenheiros e especialistas ouvidos pelo UOL Notícias, no entanto, há uma espécie de “reconciliação” do país com o transporte de pessoas sobre trilhos, sobretudo nas cidades.


Os motivos são vários: aumento dos engarrafamentos, claro, mas também questões como aquecimento global, necessidade de reorganização das metrópoles e maior capacidade de financiamento e planejamento das empresas públicas e privadas envolvidas, depois de décadas de abandono do setor e de falta de recursos do poder público.


Os investimentos não se limitam à construção de novas vias: englobam também compra de trens e troca no sistema de sinalização eletrônica, o que permite diminuir o tempo entre eles.


Em São Paulo, 8,9 km dos 16,4 km previstos para entrar em operação até 2010 ficam na linha 4. A obra e a gestão da linha foram concedidas à iniciativa privada. Durante as obras na linha 4, ocorreu o pior acidente da história do Metrô de São Paulo, em janeiro de 2007, com a morte de sete pessoas após o desabamento do canteiro da estação Pinheiros. A linha 4 deve ser inaugurada a partir de fevereiro de 2010 – a estação Pinheiros, em que ocorreu o acidente, ficará pronta em junho, segundo o cronograma com que trabalha o metrô atualmente.


Também em 2010, deve ficar pronto trecho entre a estação São Judas e o aeroporto de Congonhas, parte de uma linha de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), também chamado de “metrô leve” quando corre em linha independente do trânsito, como prevê o projeto. Esse trecho não está incluído na conta dos 72 km.


Segundo Marcos Kassab, diretor de Planejamento do Metrô, os atrasos verificados na construção da linha 4 ficaram entre 9 meses e 1 ano, o que é considerado normal em obras metroviárias. “Do fim dos anos 1960 a 2006, São Paulo construiu 1,5 km por ano de metrô. Como começamos tarde, é pouco para região metropolitana de São Paulo”, diz ele. Segundo Marcos Kassab, o objetivo do Metrô é manter um mínimo de expansão de 3 km ano.


Para o engenheiro e consultor Peter Alouche, a “reconciliação” do Brasil com o transporte de passageiros sobre trilhos se dá principalmente em São Paulo. Mas ele cita como positivo o projeto de construção do trem de alta velocidade entre São Paulo-Rio-Campinas e os diversos projetos de VLT em várias capitais do país. “Parece que as coisas estão caminhando”, afirma.


“Defendemos a tese de um crescimento constante, uma política de longo prazo, que permita cobrar dos governantes”, afirma José Geraldo Baião, presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô.


Gerson Toller, editor da Revista Ferroviária, especializada no setor, dz que a tendência de expansão metroferroviária é mundial. “O carro virou um inimigo, mas as pessoas continuam tendo de se deslocar”, diz, citando túnel em construção entre Nova Jersey e Manhattan como exemplo da retomada dos investimentos no setor. A China, complementa Peter Alouche, fez 400 km de metrô em 4 anos.


Em São Paulo, o governo tem incorporado a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) nas contas de quilometragem e investimento. Segundo a Secretaria Estadual de Transportes, entre recursos estaduais, privados, municipais e federais, estão sendo investidos, em quatro anos, R$ 20 bilhões nas linhas metroferroviárias da capital paulista, que chegará, de acordo com o plano de expansão, a 240 km em 2010 – 80 km de metrô e 160 km de trens metropolitanos com “qualidade de metrô” (de um total de 260 km). Na linguagem do governo, isso significa, entre outras coisas, a adoção de um sistema de sinalização que permite a redução da distância entre trens em circulação de 150 metros para 15 metros.


Segundo Sérgio Avalleda, presidente da CPTM, o que vai “dividir” os dois sistemas é a função que eles exercem no transporte metropolitano: a CPTM tem a função de transportar os passageiros para o núcleo da região metropolitana, enquanto o metro tem a função de distribuir os passageiros na região central.


Apesar de os investimentos frequentarem a casa dos bilhões, “a expansão do sistema viário é muito mais cara do que do sistema sobre trilho”, defende o urbanista Cândido Malta Filho. Em cidades como Salvador e Fortaleza (com investimentos da ordem de R$ 1 bilhão e R$ 1,4 bilhão, segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos, do governo federal, responsável por parcela significativa do investimento), em que o metrô é construído na superfície, esse custo é ainda menor. “O ritmo é muito importante”, diz ele.


No Rio, o governo estadual está ampliando a linha 1 na zona sul e tem previsão de inaugurar, ainda em 2010, a estação General Osório. Além disto, o MetrôRio, empresa privada que opera o sistema, está realizando obras que levarão a uma espécie de “unificação” das duas linhas do metrô que operam no Rio, com obras em 1,2 km em túneis e 1,37 km em via elevada. Com isto, os trens que saem da linha 2, na Pavuna, trafegarão até a estação Botafogo, na zona sul, no que os especialistas chamam de “operação em Y” – duas linhas, a 1 e 2, passam a compartilhar um trecho.


Com esta ampliação, o metrô do Rio planeja, em 2012, transportar 1 milhão de passageiros por dia, contra 550 mil passageiros dia em 2008. O investimento total que o MetrôRio está fazendo é de R$ 1,15 bilhão, sendo que boa parte desse valor será usado na compra de 19 novos trens (com seis carros – ou vagões – cada) até 2014.


Ainda no Rio, a construção de mais uma estação, a Uruguai, na linha 2, está prevista para 2014. O Rio tem outros projetos em estudo, como a linha que ligaria a zona sul à Barra da Tijuca.


Em Salvador, são 12 km de linha. Seis quilômetros estão em andamento e é possível que sejam inaugurados ainda em 2010. Os outros 6 km ainda não foram licitados, mas a previsão do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é que sejam concluídos até 31 de dezembro de 2011. O último balanço do programa, no entanto, pede “atenção” para o andamento do programa, que vem enfrentando atrasos.


Em Fortaleza, a maioria dos 24,1 km, com previsão de conclusão também em 31 de dezembro de 2011, estava andando até o início de julho, quando o consórcio de empreiteiras que toca a obra suspendeu os trabalhos. A questão está agora na Justiça. Se o impasse permanecer, é bastante provável que o prazo não seja cumprido.


Em Brasília, uma licitação em andamento prevê a construção de 6,7 km de linhas novas. Se tudo correr dentro dos prazos, a obra será concluída até 2011.


A linha 1 do metrô da Grande Porto Alegre também está sendo expandida: são mais 9,3 km, ligando as cidades de São Leopoldo a Novo Hamburgo – e quatro novas estações, que deverão ficar prontas também no final de 2011. Até o momento, as obras estão seguindo o cronograma.


Em Recife e Belo Horizonte, as obras do metrô que integravam o PAC já foram, em grande medida, executadas. Em Recife, foram inauguradas em março a linha Sul.


Na capital mineira, foi concluída a linha 1, de Eldorado a Vilarinho, com a expansão de 6,6 km de linha.

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Fonte: UOL Notícias

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