A ALL acaba de terceirizar toda a manutenção de rolamentos de sua frota à americana Timken, que por sua vez passa a deter cerca de 65% do mercado ferroviário nacional , já que há seis anos firmou acordo semelhante com a MRS. Válido inicialmente por 23 anos, o contrato coloca a Timken também como única fornecedora de rolamentos à operadora logística.
O valor do contrato e os investimentos que serão realizados pela Timken não foram divulgados pelas empresas. No entanto, a ALL prevê uma redução de até 30% nos gastos anuais com as remanufaturas dos rolamentos. Entre manutenção e compras de novos rolamentos, a ALL investe aproximadamente R$ 5 milhões ao ano.
Atualmente, a operadora possui 31 mil vagões (incluídos os de sua frota na Argentina), o que significa mais de 248 mil rolamentos. O contrato de prestação de serviços com a Timken estima a remanufatura de 30 mil rolamentos ainda neste ano.
Segundo Edson Pissolato, diretor-ferroviário para América do Sul da Timken, trata-se do maior contrato da empresa no continente. “Agora atendemos duas das três maiores operadoras logísticas ferroviárias do país, demos um grande passo”, diz. Questionado sobre a possibilidade de trabalhar com exclusividade também para a Vale do Rio Doce, o executivo não descarta a hipótese. “É a segunda maior frota do país, claro que seria um negócio atraente”.
Desde a privatização das ferrovias nacionais, em 1997, a receita do segmento na Timken saltou de US$ 90 mil ao ano para US$ 15 milhões (previsão para 2008).
De acordo com Rodrigo Pereira Goularte, gerente de vagões da ALL, o repasse da manutenção dos rolamentos faz com que a empresa fique mais focada em seu negócio, a logística. “Os rolamentos são a maior causa de descarrilamentos da nossa frota”, admite, ao explicar que de cada 100 rolamentos que passam por revisão, ao menos 20 apresentam problemas. “Queremos que este percentual caia para 14 ou 15 em até três anos”.
Dados de mercado indicam que o preço médio de um rolamento é de US$ 400 e o custo de um remanufaturado chega a no máximo 15% do valor inicial. Consideradas a frota atual da ALL e a estimativa de 30 mil reparos, a Timken alcançará uma receita de ao menos US$ 1,8 milhão com as remanufaturas, além das vendas de rolamentos novos.
Apesar de no início reduzir a demanda por rolamentos novos, o modelo de contrato firmado está sendo replicado pela Timken em outros países como a Rússia. Para Pissolato, a adoção do método originado na filial brasileira demonstra uma mudança de concepção de resultados da matriz americana. “As vendas passam a ser planejadas a longo prazo e nos assegura exclusividade no fornecimento”, ressalta.
Ao menos 8 mil rolamentos a serem reparados são de vagões da Brasil Ferrovias, adquirida pela ALL em 2006. Segundo Goularte, todo o serviço será realizado pela Timken na unidade da ALL de Sorocaba, no interior de São Paulo. Os 50 funcionários da operadora logística que até então eram os responsáveis pela manutenção serão realocados em outras áreas da companhia.
A Timken deverá reduzir para sete o número de empregados na remanufatura de rolamentos da ALL. Pissolato informa que a quantidade menor de mão-de-obra deve-se a novas tecnologias que serão implantadas pela Timken.
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