O Brasil poderá aplicar entre US$ 2 e 3 bilhões nos próximos três anos em projetos na Argentina, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Foi a mensagem que levou ontem o Ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, ao governo do país vizinho, no primeiro dia de uma visita oficial de dois dias a Buenos Aires.
O clima não poderia ser mais favorável. De dois meses para cá, Kirchner deu duas declarações, uma diretamente, outra através de seu chefe de Governo, Alberto Fernandéz, de que torce pela reeleição de Lula. Mas Furlan garantiu que a agenda já estava marcada há muito tempo e não tem nada que ver com a campanha eleitoral.
Acompanhado de uma grande comitiva – que, além de funcionários do alto escalão do governo contou com empresários representando os setores de eletroeletrônicos, automóveis, trigo, vidros e calçados -, Furlan anunciou a reativação do Conselho Empresarial do Mercosul. Segundo ele, com a sucessão de crises envolvendo os dois países, a entidade entrou em dormência, mas agora está sendo retomada pela necessidade dos empresários de ter um conselho para troca de idéias e intercâmbio de oportunidades.
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Armando Mariante, vice-presidente do BNDES, disse que a instituição já desembolsou em projetos direcionados à Argentina algo como meio bilhão de dólares e que a carteira em análise para os próximos anos prevê o apoio do governo brasileiro a projetos nas áreas de transportes coletivos, ampliação do Metrô de Buenos Aires e gasodutos.
Segundo ele, o banco analisa propostas de financiamento de empresas brasileiras interessadas em participar de uma licitação pública da empresa Metrovias, operadora do metrô de Buenos Aires, para aquisição de 300 carros ferroviários. O BNDES financia até 100% da totalidade dos bens e serviços exportados do Brasil, sempre ligado à exportações de bens e serviços de empresas brasileiras para a Argentina, frisou Mariante.
Em entrevista na embaixada brasileira, ontem à tarde, Furlan disse que, a conversa com o ministro do Planejamento, Julio De Vido, girou em torno de cooperação na áreas de infra-estrutura e energia. O ministro também ofereceu a De Vido a tecnologia de biocombustíveis desenvolvida no Brasil e reafirmou a intenção de grandes empresas, como a Camargo Corrêa (dona da cimenteira Loma Negra) e a Petrobras, de reforçar investimentos no país.
Para Furlan, o mais importante hoje nas relações entre os dois países é que ambos entraram numa fase positiva de desenvolvimento. Esses números estão refletidos na relação bilateral em que, neste ano as exportações argentinas crescem vigorosamente (25% até setembro), e no campo dos automóveis esse numero é 60% ou mais de crescimento, o que indica que a demanda brasileira está criando oportunidades para as exportações argentinas.
Hoje, o ministro participa da reunião da Comissão de Monitoramento do Mercosul que, segundo ele, é de rotina, acontece a cada 45 dias. Entre os temas que devem ser abordados estão a pouca penetração de eletroeletrônicos brasileiros no mercado argentino e a briga dos moinhos de trigo brasileiros contra a invasão de farinha argentina sob a forma de pré-misturas.
No meio da tarde, terá uma reunião com a ministra da Economia, Felisa Miceli. Nesse encontro, segundo Furlan, o assunto será a evolução das políticas industriais, convergências na área de tecnologia, e o projeto de exportações em moeda local, em substituição ao dólar no comércio regional. Vamos colocar nossa equipe à disposição, com um projeto de nota fiscal do Mercosul, que converge com a idéia da moeda local, afirmou.
A nota fiscal do Mercosul seria um sistema simplificado de comércio exterior. Havendo solução para compensações diretas de peso para o real, podemos partir para a segunda fase, a da simplificação de documentos de comércio exterior no Mercosul, o que facilitaria transações para pequenas e médias empresas, disse o ministro.
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