Complexo intermodal gera críticas em Ilhéus

A implementação do complexo logístico intermodal Porto Sul em Ilhéus, em fase de estudo ambiental, tem gerado discussões acaloradas. Empresários do setor turístico e ambientalistas questionam a capacidade do projeto em promover crescimento econômico e, ao mesmo tempo, preservar a natureza.


A Associação de Turismo de Ilhéus (Atil) entrou com ação civil contra o Estado, pedindo a nulidade do decreto que desapropria áreas. É um absurdo. Há ameaças ambientais claras, que podem prejudicar a indústria do turismo, diz Luigi Massa, presidente da Atil.


Para Massa, não houve discussão com os munícipes e há um problema sério – a migração do vetor econômico de Ilhéus. Com a crise do cacau, a cidade focou o turismo. Apostou as fichas no segmento e atraiu investimentos na área. Ilhéus integra a zona turística Costa do Cacau, planejada e implementada pelo Programa de Desenvolvimento Turístico do Nordeste Brasileiro (Prodetur/NE), com a premissa de investir em turismo sustentável voltado para o patrimônio natural e histórico da Bahia. Até meados de 2009, os investimentos no litoral sul do Estado chegaram a R$ 118 milhões – 50% do montante aplicado em toda a Bahia. O complexo pode representar perda de investimentos feitos pelo governo e pelos empresários.


O secretário de planejamento de Ilhéus, Paulo Goulart, reclama da priorização do Porto Sul em detrimento da indústria de turismo.


Calculo que haja pelo menos R$ 2 bilhões em projetos turísticos parados, esperando licença ambiental. Precisamos também dar atenção a eles. Massa afirma que há empreendedores de turismo que estão desistindo da região, por acreditarem que o Porto Sul inviabiliza seus negócios. Atualmente, o segmento gera cerca de oito mil empregos diretos e 23 mil indiretos, somando os municípios de Ilhéus, Itabuna, Itacaré e Uruçuca. Os dados são da avaliação ambiental estratégica realizada pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. De acordo com a Atil, as inversões feitas no turismo permitiram a criação de um segmento que conta com sete mil leitos no parque hoteleiro.


O relatório do IMA considera que a construção do Porto Sul pode provocar perda de competitividade no turismo. Outro prejuízo é a possibilidade de haver descontrole da qualidade urbana e ambiental, abrindo a área para o turismo de massa. As preocupações também incluem o fluxo migratório que as cidades de Ilhéus e Itabuna devem receber e os riscos de acidentes (com vazamentos na costa) por conta do aumento do tráfego de navios. É incompatível com o turismo e com a preservação do meio ambiente. Não acredito que a única solução para a região de Ilhéus seja essa, afirma Maria do Socorro Mendonça, presidente da ONG Ação Ilhéus.


Ela critica a ação do governo estadual, que até agora só tem em mãos os empregos que vão ser ofertados pela Bahia Mineração (Bamin), única empresa que já fincou pés na região. Como Ilhéus abrigará a operação portuária e a zona de estocagem da Bamin, as vagas que serão criadas pela companhia, após a construção, não atenderão à demanda. É um projeto capenga. Faltam dados sobre a real criação de empregos. Se outras empresas não comprarem o projeto, vamos ter um porto para exportar minério que só trará prejuízo.


Rui Rocha, diretor do Instituto Floresta Viva e professor da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), critica a falta de reflexão sobre os impactos sociais, econômicos e ambientais do Porto Sul. Estão nos vendendo um projeto pobre em seu conceito, que gira em torno da exploração de uma mina que tem vida útil de, no máximo, 20 anos. O que vamos fazer depois disso? O professor defende a opção do Equador, que fortaleceu a cultura de cacau certificado. Com as ações, o ágio no preço do produto chega a 300%. Precisamos investir na qualidade do que já temos.


Segundo ele, a exploração de minério de baixo teor foi desconsiderada até pela Vale do Rio Doce, que estudou a reserva de Caetité. É uma reserva que deve gerar ganhos de R$ 40 bilhões. Apesar de ser um valor significativo do ponto de vista financeiro, é um montante incapaz de transformar a economia da região, avalia Rocha.


Na visão de Mendonça, as condições de pesca também serão afetadas, causando impactos diretos na renda de 10 mil famílias. Ela acredita ainda que um polo industrial, cujo projeto prevê a instalação de uma siderurgia, vai trazer prejuízos incalculáveis para as áreas de proteção ambiental da lagoa Encantada e do rio Almada e para o Parque Estadual do Conduru, que circunvizinham a área do porto. Vamos cortar reservas com ferrovia ou invadi-las para dar espaço às indústrias?, questiona.


O governo estadual rebate as críticas dos ambientalistas, alertando que a pobreza da região é muito mais perigosa ao meio ambiente que a instalação do complexo. Defende o argumento de que se trata de um projeto sustentável, cujas premissas preveem a requalificação e valorização das unidades de conservação ambiental existentes. Segundo o governo do Estado, até 2019 essas áreas receberão inversões de R$ 30 milhões só dos cofres públicos. Essa quantia não seria destinada à região se não fossem os planos do Porto Sul.

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Fonte: Valor Econômico

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