O governo da França planeja financiar até 2 bilhões de euros em projetos no Brasil nos próximos cinco anos por meio da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). O órgão alterou suas diretrizes e decidiu focar no combate ao aquecimento global. Nesse contexto, aumentou a importância da América do Sul nos projetos apoiados pela agência.
“Nosso mandato mudou e queremos promover a cooperação internacional no combate às mudanças climáticas. A América Latina é muito importante, não apenas como emissor de gases que causam o efeito estufa, mas também como parte da solução para o problema”, disse o diretor-geral da AFD, Jean-Michel Severino, que visitou o Brasil ao longo da semana passada.
Uma instituição financeira 100% controlada pelo estado francês, a AFD financia projetos nos setores público ou privado em cerca de 60 países em desenvolvimento. Os instrumentos financeiros vão desde empréstimos a fundo perdido para países de menor desenvolvimento relativo até a linhas de crédito em condições de mercado.
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Em 2008, a AFD financiou 6 bilhões de euros em projetos. A África absorveu 50% do total em obras voltadas para combater a pobreza e reduzir a desigualdade. Os países do Mediterrâneo, que possuem ligações de ex-colônias com a França, responderam por 20%. E a Ásia, com os gigantes China e Índia, ficou com mais 20%.
A participação da América Latina foi insignificante em 2008 e entrou na rubrica “outros”, disputando 10% do total. Segundo Severino, o governo francês quer mudar isso, mas só entrou no mercado da região recentemente. A AFD iniciou as operações no Brasil há dois anos e no México e na Colômbia somente a partir deste ano.
Severino estima que se as conversas hoje em andamento se concretizarem a agência francesa deve emprestar 200 milhões de euros no Brasil este ano, uma parte ainda muito pequena dos 6 bilhões de euros previstos no orçamento total de 2009. Ele negocia um empréstimo de 120 milhões de euros para a Eletrobrás e outro para um importante banco público. No caso da Eletrobrás, o objetivo é construir pequenas hidrelétricas e investir em energia renovável.
Os montantes dos negócios já concretizados pela AFD no Brasil ainda são pequenos. Em dezembro de 2007, a agência emprestou 36,15 milhões de euros para a prefeitura de Curitiba investir na racionalização de transporte coletivos. Também foram concedidos 134 milhões de euros para financiar parte da construção de um metrô leve em Brasília.
De acordo com o executivo, a demanda por financiados de órgãos como a AFD, o Banco Mundial ou o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) aumentou bastante depois da crise financeira internacional, por conta da falta de crédito. “Entendemos e aceitamos essa função anticíclica, mas sem perder o foco geral, que é o combate à pobreza e ao aquecimento global”, disse Severino.
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