A Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) espera garantias reais da Mhag Serviços e Mineração para investir R$ 80 milhões na melhoria da malha férrea que liga a jazida da mineradora, no Rio Grande do Norte, ao porto de Suape (PE). “A Mhag está negociando conosco o transporte de até 200 mil toneladas mensais de minério de ferro. Como a linha que fará este trajeto é antiga, seremos obrigados a investir. Mas para isso precisamos de garantias reais, que a Mhag ainda não deu. Não queremos `micar` com um investimento deste porte”, diz o diretor administrativo e financeiro da CFN, Jorge Melo. Além das garantias que ainda são negociadas, é necessário que a mineradora conclua um pátio de transbordo no município paraibano de Juazeirinho e um pátio de cargas em Suape.
Segundo Melo, a CFN já vem cumprindo um contrato com a Mhag para transporte de 50 mil toneladas de minério de ferro, extraídos da mina de Jucurutu (RN). O minério é levado para Juazeirinho em caminhões, um percurso de 180 quilômetros. Em Juazeirinho é feito o transbordo para os trens da CFN. “A Mhag está fazendo um pátio de transbordo cujas obras estão atrasadas. A previsão é que estas obras estejam concluídas dentro de 30 dias”, observa o executivo. A Mhag, por meio de seu advogado, Frederick Wassef, informou que “todas as garantias serão dadas em tempo hábil para a concretização do negócio”.
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O presidente do Porto de Suape, Matheus Antunes, diz que a ponta final do transporte também necessita de obras que devem ser realizadas pela Mhag. Segundo ele, existem atualmente 30 mil toneladas estocadas no antigo pátio público de contêineres do complexo. “Pelo projeto a CFN descarrega os vagões no bairro da Muribeca, no Recife, e a carga segue para o porto em carretas. Mas é necessário uma área de estocagem que ainda não está pronta. Esperamos que os embarques comecem quando houver um estoque de cerca de 100 mil toneladas”, afirma. A expectativa é de que os embarques ocorram no início do próximo ano. As projeções iniciais apontavam que os embarques começariam em março de 2005.
Melo diz que, mesmo com as obras da Mhag atrasadas, a CFN tem interesse em negociar a ampliação dos volumes transportados. “A parte tarifária já está fechada. Queremos apenas resolver estas últimas questões”, diz. Embora não entre em detalhes, Melo diz que as garantias podem ir desde bens a cartas de fiança. Enquanto isso não acontece, o diretor da CFN adianta que os investimentos na linha não serão realizados.
A CFN tem em caixa uma linha do BNDES no valor de R$ 100 milhões. Deste total, R$ 65 milhões estão reservados para serem utilizados na substituição de trilhos e na aquisição de material rodante. Outros R$ 15 milhões serão originários do caixa da própria companhia. Atualmente, a CFN está realizando o transporte de minério de ferro em duas composições com 17 vagões cada. Diariamente são transportadas cerca de 1,7 mil toneladas.
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