Desde o dia 1° de fevereiro, a ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) está sob o comando de um novo presidente. O engenheiro Julio Fontana, presidente da MRS Logística S.A, assumiu o posto no lugar de Benony Schmitz Filho, diretor da FTC (Ferrovia Teresa Cristina). Fontana concedeu entrevista ao Portal Webtranspo, na qual ele discorre sobre os problemas atuais vividos pelo setor ferroviário nacional, suas causas e as prováveis soluções para o modal, considerado de suma importância para o desenvolvimento do País.
Webtranspo – Quais as suas expectativas agora na presidência da ANTF?
Fontana – Ser eleito para presidir o Conselho da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) é para mim um orgulho e um desafio enorme, uma vez que o setor, ao mesmo tempo em que amplia sua contribuição ao desenvolvimento econômico do País, ainda tem graves questões a tratar e resolver, como os problemas relacionados a grandes gargalos, os desafios de expansão da malha, aspectos de tributação e regulamentação. Nossa expectativa é dar o tratamento adequado destes temas, pois isso é fundamental para a consolidação do modal ferroviário brasileiro.
Webtranspo – Cite o seu principal desafio para o modal ferroviário
Fontana – Como disse, há uma série de fatores que comprometem o desenvolvimento das ferrovias no Brasil. Por isso, relacionamos um conjunto de dez fatores que integram a Agenda Estratégica para o setor de transporte ferroviário de cargas – itens que têm prioridade de solução para o setor: eliminação de gargalos; expansão da malha; intermodalidade; tributação, Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA); regulamentação; indústria ferroviária nacional (fornecedores); segurança, tecnologia e recursos humanos.
Webtranspo – Entre 1997 e 2006, as concessionárias investiram cerca de R$ 11 bilhões no setor, mas a sensação que se tem é que os trabalhos não andam, ou não aparecem, por que isso acontece?
Fontana – Não podemos esquecer que antes do atual de modelo de concessão, as ferrovias ficaram praticamente abandonadas durante décadas. Mas é importante considerar os importantes avanços do setor nos últimos onze anos. Quando a iniciativa privada assumiu a maioria das operações em 1997 – que antes eram de responsabilidade da estatal RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.), recentemente extinta, as ferrovias contavam com 43.796 vagões disponibilizados às operações, sendo que 42% estavam sucateados. Das 1.144 locomotivas em atividade na época, 30% apresentavam péssimo estado de conservação. Em dez anos, as concessionárias praticamente dobraram a frota de material rodante em operação, que hoje conta com cerca de 90 mil vagões e aproximadamente 2.300 locomotivas com potência superior a 3.600 HP (em 1997, a potência era em torno de 2.000 HP). Como resultado dos investimentos realizados pela iniciativa privada, a produção ferroviária nacional aumentou. Com o crescimento da produtividade do setor, as ferrovias passaram a desempenhar um papel mais importante na matriz de transporte brasileira. Entretanto, as empresas concessionárias preocupam-se com a continuidade do crescimento, que depende também de recursos do governo. Se a contrapartida da União continuar reduzida, a produção do setor poderá parar de crescer entre 2010 e 2012, comprometendo a eficiência da infra-estrutura logística e o desenvolvimento econômico do País.
Webtranspo – Em porcentagem, quanto que o setor cresceu efetivamente desde 1996? E quanto pretende crescer este ano?
Fontana – A produção ferroviária nacional aumentou perto de 70%, passando de 137,2 bilhões de TKU (tonelada por quilômetro útil transportada) em 1997 para 232,3 bilhões de TKU em 2006. Nos últimos dez anos, o crescimento médio de carga geral foi de 5,5% ao ano. Ainda não fechamos os números de 2007. Por
Seja o primeiro a comentar