Com duas horas de meia de atraso (o aeroporto de Congonhas fechou e o avião de Sergio Cabral teve que pousar em Viacopos) os governadores do Rio de Janeiro e de São Paulo, Sergio Cabral e José Serra, assinaram ontem, no Palácio Bandeirantes, sede do governo paulista, um protocolo de intenção confirmando a decisão dos dois estados de participar ativamente dos estudos para a futura implantação do trem de alta velocidade Rio- São Paulo.
Objetivamente o alcance do protocolo é limitado: os dois governos vão criar dois grupos de trabalho sob a coordenação da secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo e da secretaria de Transportes do Rio e formados por três especialistas de cada lado para estudar o projeto. Isto será feito em colaboração com o BNDES, que já foi encarregado pelo governo federal de estudar o assunto, com prazo até março do ano que vem. Os secretários José Luis Portela e Julio Lopes estavam presentes.
Do ponto de vista político no entanto a manifestação explícita dos dois governos tira o projeto da responsabilidade exclusiva do governo federal e introduz a possibilidade de colaboração ativa dos estados. Como disse José Serra:
“Mesmo que os estados não ponham dinheiro no projeto, tem toda a questão das licenças ambientais, do uso da terra e da construção dos terminais onde podemos ter parte importante”.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Serbio Cabral concordou: “Mesmo que o projeto tenha sido iniciado pelo Governo Federal, Rio de Janeiro e São Paulo não pode ficar à margem dos estudos e das intervenções que vão ser feitas em seus territórios”.
Entre os dois discursos, o mais inflamado foi o do governador do Rio: “Precisamos começar o projeto agora, para que não se passem mais 10 anos e nós continuemos a lamentar que a ferrovia não existe. Porque não tem cabimento que não exista um trem moderno de passageiros ligando as duas cidades mais importantes do país.
Não é nem um projeto do Rio ou de São Paulo. É o desejo de toda a sociedade brasileira”.
Serra, de sua parte, lembrou que quando era presidente da UNE, em 1963 e 1964, morava em São Paulo e ia muito ao Rio de trem: “A viagem levava a noite inteira, mas eu preferia o trem ao avião”.
Para o governador de São Paulo, entretanto, há questões importantes que precisam ser
definidas: qual é a demanda real – “porque o estudo dos italianos foi muito otimista”; se o trem vai ter paradas, como parece necessário; e qual será a velocidade: “podemos talvez pensar num trem meia-bala, por que não?”.
Serra concluiu dizendo que sua cidade era São Paulo, mas que se tivesse que escolher qualquer outra cidade para morar, esta seria o Rio.
Expresso Aeroporto
Durante o encontro não se tratou do Expresso Aeroporto, ou trem de Guarulhos. Esta é no entanto a preocupação mais imediata do governo de São Paulo, que inclusive assumiu com a Fifa, segundo o secretário Portela, o compromisso de ter o trem pronto para a Copa de 2014. Para tanto, o edital de licitação será publicado até dezembro deste ano de modo que as obras comecem no ano que vem. Está decidido que a estação terminal em São Paulo ficará no terreno atualmente ocupado pelas oficinas da estação da Luz, que estão desativadas.
Seja o primeiro a comentar