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Entrevista com Ramon Fondevila, diretor Geral do Setor Transporte para o Brasil da Alstom

Alstom Transportes deve encerrar este ano com um faturamento de US$ 200 milhões. De acordo com Ramon Fondevila, diretor Geral do Setor Transporte para o Brasil, a empresa praticamente dobrou a receita nos últimos dois anos, devido a estratégias específicas tais como aumento das exportações, maior participação no segmento de cargas e maior representação nas companhias metropolitanas do País.
Atualmente, a Unidade Casa Verde em São Paulo produz inteiramente para a exportação, desenvolvendo sistemas de controle e sinalização para países da Europa e EUA. “A Unidade Casa Verde é responsável por 40% do nosso faturamento. Antes da estratégia de mercado, a unidade respondia por 10% do faturamento.”
No Brasil, a Alstom está desenvolvendo dois projetos pioneiros na área de sinalização: o SGF (sistema de controle de frota); e o SSDMC (sistema de sinalização via rádio, com opções de áudio e de sinais). O SGF já foi implantado na E.F. Carajás e está sendo proposto para a MRS, que iniciou em março passado o processo de tomada de preços para a implantação do seu novo sistema de sinalização e telecomunicações.
A companhia pretende ampliar no Brasil os serviços de reforma e manutenção de locomotivas. Segundo Fondevila, hoje “os contratos são para a reforma de três ou quatro locomotivas, quando o ideal seria a prestação de um serviço permanente para a manutenção da frota inteira, a exemplo dos contratos com operadoras nos EUA e no México”. “De todo o modo”, continua, “acredito que a Alstom deve atingir esse ponto também aqui no Brasil”.
Ramon Fondevila é formado em engenharia eletrônica pela Universidade de Mackenzie (SP). Iniciou sua carreira na Semp Toshiba em 1977, como gerente Industrial e posteriormente acumulou a gerência de Novos Produtos. Em 1995, entrou para a Alstom como diretor Industrial, acumulando a diretoria de Recursos Humanos até 1999, quando assumiu a diretoria Geral de Sistemas Brasil. Desde 2002, é diretor Geral de Information Solutions e hoje acumula o cargo de diretor Geral do Setor Transporte para o Brasil.

Revista Ferroviária — A empresa está desenvolvendo alguma nova tecnologia em sistemas de sinalização?
Ramon Fondevila — As soluções que a Alstom oferece ao mercado estão em constante evolução, visando aprimoramentos funcionais e modernizações necessárias para a eliminação de componentes obsoletos ou a substituição de peças por mais efetivas, com o incremento de capacidade de processamentos computacionais e economia de energia, dentre outros parâmetros que são monitorados e avaliados.

RF — Quais os exemplos nesse sentido?
Ramon — Como exemplos, as linhas de solução URBALISTM e ATLASTM vêm recebendo importantes modernizações visando a incorporação de modernos componentes que vão incrementar as funcionalidades de tratamento, transmissão e recepção de dados digitais em seus módulos embarcados e distribuídos ao longo da via.

RF — A Alstom pretende ser identificada como uma referência na área de sinalização?
Ramon — Sim, também em sinalização. Mas a solução de baixa densidade foi em cima do SSDMC (NR: Sistema de Sinalização Vital Microprocessado Centralizado) e o SGF (NR: Centro de Controle para gestão da ferrovia), com os quais vencemos o Prêmio da Revista Ferroviária em inovação tecnológica. Com os dois projetos, a Alstom tornou-se pioneira dentro da própria Alstom, porque a Alstom tem uma solução para esse tipo de baixa densidade, mas não é uma solução competitiva dentro do nosso mercado. E isso não deixa de ser um CBTC nível 1 que está tendo um resultado fantástico. O SSDMC já está com sua implantação bem avançada e o SGF está fase de implantação.

RF — Qual a diferença entre os dois sistemas?
Ramon — O SGF é um sistema da parte do controle de frota, de controle da gestão ferroviária;

Fonte: Folha de São Paulo