A 12ª edição da Feira e Seminário Negócios nos Trilhos – que acontece até hoje, 12, no Expo Center Norte, em São Paulo – está mostrando uma locomotiva a vapor francesa fabricada em 1912 que trafegava na Estrada de Ferro Perus-Pirapora e a qual está sendo uma das vedetes dos apaixonados pela história da ferrovia no Brasil.
Os visitantes podem tirar fotos, caso desejem, dentro da cabina da máquina. A locomotiva é do Instituto de Ferrovias e Preservação do Patrimônio Cultural, tem matrícula número 8, número de série 5590, bitola de 0,60 m, e foi fabricada pela Decauville Ainée Nowaves para atender uma encomenda da Craig & Martins. A locomotiva foi integrada posteriormente à Brazilian Portland Cement Co., quando esta absorveu as minas de cal em Gato Preto, no município de Cajamar (SP). Em 1914, a máquina já operava no complexo minas-forno, juntamente com outras duas locomotivas.
Segundo o especialista em estações ferroviárias Ralph Giesbrecht, “a vila de Gato Preto foi a responsável pelo surgimento da E. F. Perus-Pirapora, criada não para chegar a Pirapora, embora seu nome assim o diga, mas realmente para ligar a estação de Perus, na antiga Santos-Jundiaí, à sua usina de cal. A usina funcionou aparentemente até os anos 70. Depois, sobrou somente o depósito de locomotivas, desativado desde 1983, e a vila, hoje dos dois lados do km 36 da via Anhanguera, no município de Cajamar”.
Com exceção das casas da vila, o que era da usina e da ferrovia estava no mais completo abandono até três anos atrás, quando começou o trabalho de recuperação do Instituto.
Por ser de pequeno porte, já por volta de 1964, a máquina “8” perdeu a função de levar calcário das minas ao britador de Gato Preto, e foi desativada. Como era uma locomotiva graciosa, foi preservada e recuperada por Lincoln Palaia com o patrocínio de Natura Cosméticos; hoje opera na Estrada e Ferro Perus-Pirapora fazendo um percurso turístico de 15 km.
Atualmente, a EFPP guarda elementos de grande afeto popular, como locomotivas do antigo Tramway da Cantareira – “Trem das Onze” – e duas máquinas em que Alberto Santos-Dumont desenvolveu o seu interesse pela mecânica, entre várias outras.
A ferrovia é tombada pelo Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico, o que garantiu a preservação de uma grande área de vegetação.
O trecho entre os quilômetros 2 e 17 da EFPP está cedido em comodato por 50 anos ao IFPPC, junto com todo o acervo de veículos ferroviários e outros materiais.
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