Estadão – O volume de serviços prestados no País cresceu 0,6% na passagem de dezembro para janeiro, puxado por uma melhora no transporte de passageiros e em serviços de engenharia, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados nesta terça-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“É importante lembrar que a segunda onda de covid-19 já era preocupante em janeiro no Brasil, mas estava longe do que viria em fevereiro e março. Isso significa que o aumento do mês de janeiro pode ser revertido nas próximas leituras”, alertou a analista da corretora de valores XP Investimentos, Rachel de Sá, em nota.
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A necessidade de prestação presencial de alguns serviços em meio à pandemia ainda faz com que o setor mostre uma menor velocidade de recuperação que as demais atividades econômicas, como o comércio e a indústria
“Seja porque parte das pessoas ainda não se sintam confortáveis para usufruir de serviços presenciais como restaurantes, viagens, afetando o transporte de passageiros, como pelo menor deslocamento das famílias”, justificou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE.
Na passagem de dezembro para janeiro, houve avanços em apenas duas das cinco atividades pesquisadas, ou seja, a expansão ficou concentrada, não foi disseminada, observou Rodrigo Lobo. Os ganhos foram registrados em transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (3,1%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (3,4%).
“Transportes foi a recuperação em transporte de passageiros, que foi o que mais sentiu o efeito da pandemia, de se trabalhar de home office ou pelo menor movimento de viagens de lazer e negócios. Com o passar dos meses, a gente vê uma recuperação de receita das empresas que atuam no transporte de passageiros, mas ainda distante de recuperar o patamar pré-pandemia”, disse Lobo.
Para o pesquisador, o segmento de serviços não foi afetado em janeiro pelo fim do pagamento do auxílio emergencial, mas sim pelo recrudescimento da pandemia de coronavírus, que inibiu a decisão de consumo de determinados tipos de serviços prestados às famílias (-1,5% em janeiro ante dezembro).
“As pessoas que usufruíam desse tipo de benefício do governo (auxílio emergencial), em geral, direcionavam essa renda extraordinária para itens essenciais, sobretudo, supermercados. Dificilmente alguém que ganhasse esse benefício ia direcionar para comer em um restaurante”, argumentou Lobo.
Quanto aos impactos do aumento no número de casos e óbitos de covid-19, o pesquisador acredita que essa tenha sido a causa da piora na taxa interanual do volume de serviços prestados, que passou de uma queda de 3,1% em dezembro de 2020 ante dezembro de 2019 para um recuo de 4,7% em janeiro de 2021 ante janeiro de 2020.
Para o pesquisador do IBGE, é preciso aguardar as próximas leituras da pesquisa para observar como o consumo de serviços vai reagir ao recrudescimento da pandemia, mas também à perda de emprego e renda das famílias.
“Esse setor (serviços prestados às famílias) é o que segue com uma queda interanual bastante pronunciada (-27,6%). É o setor que mais deve crescer em 2021, mas depende do processo de vacinação, que deve se acelerar ao longo de março e abril, de acordo com o noticiário. A recuperação para o ano depende de processo de melhora dos serviços prestados às famílias e, nesse sentido, é fundamental a resolução do problema de saúde”, opinou o economista-chefe da gestora de fundos AZ Quest, André Muller.
Em janeiro de 2021, os transportes ainda estavam 2,7% abaixo do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia, enquanto os serviços prestados às famílias operavam 29,9% aquém. O setor de outros serviços estava 3,2% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, e os serviços profissionais, administrativos e complementares funcionavam 4,7% aquém. Já os serviços de informação e comunicação estavam 2,6% acima do nível que operavam em fevereiro de 2020. O setor de serviços como um todo ainda está 3% abaixo do nível de fevereiro do ano passado.
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