Valor Econômico – O economista Otaviano Canuto, membro sênior do Policy Center for the New South e ex-vice-presidente do Banco Mundial, afirmou nesta segunda-feira que é cedo para afirmar se o mundo vive ou não um novo superciclo de preços de commodities. Segundo ele, alguns segmentos, como o de metais, devem vivenciar um período mais longo de preços altos, o que não está claro se acontecerá para os produtos agrícolas.
Canuto apontou que o Brasil precisa “fazer o dever de casa” e aproveitar a alta nos preços das commodities agrícolas para alavancar o crescimento econômico em geral. “A riqueza natural e os preços de commodities estão mais para bênção do que para maldição. Mas o desafio para fazer com que a bênção seja plena e se traduza em período de prosperidade mais difundida é que outras agendas ainda são necessárias”, disse Canuto em evento virtual organizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
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“Se não fizermos nada para destravar o péssimo ambiente de negócios e a carência de investimentos em infraestrutura, esse boom de commodities não se traduzirá em prosperidade mais ampla no país”, salientou.
Inflação e barreiras comerciais
Dois riscos ficam latentes com a alta dos preços dos alimentos. O primeiro é o aumento do custo de vida, que pode inflar reações populares e exigem habilidade dos poderes. “Esse risco está aí definitivamente. No nosso caso, há o fato de que, como não houve valorização da taxa de câmbio, o efeito direto está sobre a cesta de consumo do brasileiro, e esse é um ponto de preocupação sim”, avaliou.
O segundo ponto de atenção é a tendência da imposição de barreiras comerciais para conter os altos preços dos produtos agropecuários que compõem a pauta exportadora brasileira e a necessidade de ação do Brasil em temas sensíveis na área ambiental.
“A expressão clara disso vai estar no novo sistema de impostos equalizadores de carga de carbono da União Europeia. O que vai ser incluído nessa agenda para caracterizar intensidade de carbono é suficientemente flexível para incorporar coisas como o ritmo de desmatamento da Amazônia”, disse.
“A imbricação da agenda comercial como resposta à evolução dos preços das commodities e dos países vai definitivamente trazer muita coisa para debaixo do cobertor, temos que prestar atenção nisso. Temos que mostrar sinais claríssimos de contenção do desmatamento na Amazônia para que isso não acabe contaminando o resto da produção de commodities agrícolas brasileiras”, concluiu.
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