O grupo japonês Mitsui avalia colocar à venda sua participação na Gaspetro, holding com participação em 19 distribuidoras de gás no país, apurou o Valor com três fontes a par do assunto. O conglomerado é dono de 49% da companhia de distribuição de gás canalizado controlada pela Petrobras, com 51% do negócio. A petroleira brasileira está em processo formal de venda do controle da empresa e já recebeu propostas pela sua parte.
A Mitsui tornou-se sócia da Petrobrás no fim de 2015, ao comprar a fatia de 49% do negócio, por quase R$ 2 bilhões. A gigante japonesa, que já tinha participação direta minoritária relevante em oito distribuidoras estaduais – seis do Nordeste e duas no Sul do país -, mandatou um banco para testar o interesse de potenciais investidores pela sua parte na holding. Duas fontes afirmaram que o banco Morgan Stanley está com a transação. Procurados, o banco e a Mitsui não quiseram comentar o assunto.
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Em seu processo de venda de ativos não estratégicos, a Petrobras também decidiu se desfazer de sua fatia na Gaspetro – em julho, a companhia divulgou que estava na fase de receber propostas vinculantes. Com direito de preferência de compra, a Mitsui não teria demonstrado interesse pelo negócio, segundo uma fonte próxima ao assunto.
Antes de optar pela venda de sua fatia de controle na Gaspetro, a estatal avaliou fazer abertura de capital, assim como fez na BR Distribuidora, líder na distribuição de combustíveis, mas teria encontrado resistência de seu sócio japonês. A Mitsui é um acionista passivo e deixa as decisões para o controlador. Com a decisão da Petrobras de sair do negócio, há uma preocupação do grupo em saber quem vai assumir o controle, disse uma pessoa familiarizada com o tema.
A possível venda da participação da Mitsui vai ocorrer em processo separado ao da Petrobras, de acordo com essa fonte. A vantagem é que o grupo japonês encontraria menos entraves burocráticos que a petroleira enfrenta, uma vez que a venda de ativos da estatal brasileira tem de seguir um rito, como a aprovação do Tribunal de Contas da União (TCU).
O grupo Cosan, de Rubens Ometto Silveira de Mello, é apontado pelo mercado como o principal interessado na participação da Petrobras na Gaspetro. Antes de comprar a Comgás, maior distribuidora de gás canalizado do país, com atuação em São Paulo, a companhia do empresário já tinha avaliado proposta para a compra da Gas Brasiliano, que também atua no estado, e é 100% controlada pela Petrobras.
No dia 26 de outubro, a Compass, empresa de energia e logística do grupo Cosan, anunciou ao mercado que o seu conselho de administração tinha aprovado a apresentação da proposta para a aquisição de 51% da Gaspetro. Fontes ligadas à Petrobras afirmaram que a empresa atraiu outros interessados.
Com a contratação de um banco por parte da Mitsui, o processo de venda da fatia da Gaspetro também gera incertezas. Pelos trâmites da Petrobras, a companhia ainda tem de definir qual a melhor proposta que recebeu e começar as discussões de contratos. O processo, se for levado adiante, ocorreria a longo de 2021, segundo pessoas próximas ao assunto. A estatal não descarta vender sua fatia nas 19 distribuidoras. Também procurada pela reportagem, a Petrobras não quis comentar.
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