O número de aberturas de capital de fundos de investimento em participações (FIP) especializados em infraestrutura vai aumentar nos próximos anos, conforme houver mais demanda por diversificação e uma retomada do crescimento, avaliam gestores que participaram de painel sobre o tema no evento Expert XP.
De acordo com o sócio da Vinci Partners e chefe de investimentos em infraestrutura da gestora, José Guilherme Souza, o FIP de infraestrutura é capaz de dar uma alternativa a mais de investimento para as pessoas físicas. Os primeiros portfólios do gênero listados na B3, neste primeiro momento, têm um perfil de estratégia de renda, semelhante ao que existe no segmento de fundos imobiliários, mas com menor risco.
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Para o gestor da Vinci, não só a quantidade de FIPs listados tende a aumentar, como haverá maior diversificação de setores. Souza disse ver potencial em áreas como saneamento, concessões de rodovias, transporte e logística.
Cada setor, no entanto, guarda características específicas. O saneamento está começando agora e tem menos ativos maduros e pagadores de dividendos, como no setor elétrico, e as rodovias têm risco de demanda.
Para o chefe de infraestrutura da XP Asset, Túlio Machado, com o desenvolvimento do mercado, é possível imaginar o lançamento de fundos com viés mais de desenvolvimento de projetos, com perfil semelhante a portfólios de capital de risco. O setor de saneamento, que teve o novo marco aprovado recentemente pelo Congresso, tem expectativa de investimentos da ordem de R$ 600 bilhões nos próximos 15 anos, disse.
Apesar do potencial, o setor elétrico continua como principal aposta dos fundos por conta da maturidade e da disponibilidade de ativos. Seja em transmissão, distribuição ou geração, o setor conta com uma grande quantidade de ativos consolidados, operacionais, com alta previsibilidade de receita e que já têm distribuição de dividendos, afirmou o diretor-gerente e chefe de infraestrutura da GTIS, Eduardo Klepacz.
O executivo-chefe de investimentos da Perfin Asset, Ralph Rosenberg, afirmou que o Perfin 11, o FIP listado da casa, pode, entre outros, comprar ativos prontos em transmissão de energia, que é um negócio extremamente resiliente.
Já o FIP Vinci Energia, que fez IPO no ano passado, é um fundo de renda e se propõe a comprar participação societária em ativos de transmissão e geração de energia já performados, ponderou Souza. O veículo fez a primeira distribuição de dividendos em abril e tem outra programada para este mês. Um terceiro pagamento deve ser feito em outubro.
O Trend XP IE, outro fundo listado, também investe em energia. Pretendemos fazer novas ofertas em cima desse veículo, disse Machado, da XP Asset. Podemos entrar em leilões do setor elétrico e demais setores de infraestrutura, acrescentou.
No mercado secundário, o fundo da Perfin gira de R$ 3 milhões a R$ 3,5 milhões por dia. O investidor desse tipo de fundo costuma adquiri-lo como um produto de renda e carregar. Consequentemente, tende a ter um trade menor que uma ação de setor elétrico, por exemplo, disse Rosenberg. Só que é um negócio muito novo, assim como os fundos imobiliários; vai ganhar tração e atrair um percentual desse público.
De acordo com Souza, da Vinci, os investidores gostam da perspectiva de renda com benefícios adicionais, como isenção de imposto de renda para pessoas físicas tanto nos rendimentos quanto no ganho de capital.
Além do benefício fiscal, os FIPs listados dão uma perspectiva de liquidez ao possibilitarem a negociação das cotas na bolsa. A modalidade, porém, está restrita a investidores qualificados, ou seja, com aplicações financeiras a R$ 1 milhão ou se forem profissionais.
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