Valor Econômico – Aos fatores que já alimentavam a expectativa de correção dos preços da celulose no segundo semestre se somaram, na semana passada, os dados fracos da economia chinesa entre abril e junho. Com isso, uma redução de mais de US$ 100 por tonelada nas cotações praticadas no maior mercado mundial para a fibra, com reflexos mesmo que atrasados na Europa e na América do Norte, parece cada vez mais próxima.
Na semana passada, segundo a Fastmarkets Foex, o preço líquido da celulose de fibra curta no mercado chinês recuou US$ 2,20, para US$ 860,80 por tonelada. Ainda assim, em um mês, a alta é de US$ 25,60, confirmando que o mais recente aumento anunciado pelos produtores foi integralmente aplicado.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
A celulose de fibra longa, por sua vez, avançou cerca de US$ 1 na semana, para US$ 987,69 por tonelada, estável em um mês. Um incêndio na fábrica da Mercer International na Alemanha, no início do mês, e a interrupção das operações podem ter dado alguma salvaguarda aos preços, que já vinham em rota de acomodação.
Com isso, a diferença de preço entre a celulose de fibra curta e a de fibra longa, de US$ 127 por tonelada no mercado chinês, praticamente voltou aos níveis normalizados, em torno de US$ 120 por tonelada. Esse “spread”, que é um importante indicador de tendência de preços, mostra que, neste momento, não há espaço para ganho adicional da fibra curta.
Outro indicador importante, o preço de revenda da celulose de eucalipto na China, vai na mesma direção. Na semana passada, segundo o BTG Pactual, equivalia a US$ 846,11 por tonelada, portanto abaixo do preço líquido na importação. Nos últimos meses, a forte redução dos estoques de matéria-prima resultou em alta acentuada dos valores de revenda, que puxaram os preços em geral.
No fim de junho, grandes produtores de celulose, incluindo as brasileiras Suzano e Klabin, comunicaram a seus clientes reajustes em todas as regiões a partir do dia 1º. Os aumentos variaram de US$ 20 a US$ 40.
Na China, foram US$ 20 por tonelada. Considerando-se o valor que havia sido anunciado pelos produtores para a celulose de fibra curta em junho, de US$ 840 por tonelada, o novo preço seria de US$ 860 por tonelada — em linha com o aferido pela Foex.
Na Europa, o reajuste foi de US$ 30, elevando a US$ 1.380 por tonelada o preço de referência da celulose de eucalipto. Já na América do Norte, o aumento foi de US$ 40, levando o preço lista a US$ 1.610 por tonelada.
Há cerca de duas semanas, após uma conversa com o especialista Pierre Bach, da consultoria Hawkins Wright (HW), o Itaú BBA publicou um amplo relatório sobre preços da celulose. Segundo o time de analistas liderado por Daniel Sasson, a consultoria espera uma correção dos preços da fibra curta nos próximos meses, diante da demanda mais fraca — mesmo com os níveis de estoque ainda reduzidos. De qualquer maneira, até o fim do ano, as cotações devem seguir em patamares saudáveis, de US$ 700 a US$ 750 por tonelada.
O principal freio à correção de preços deve vir do aumento de custos — a inflação é generalizada e afeta todos os setores no mundo. Essa inflação de custos estruturalmente mais alta pode fornecer algum suporte aos preços, observaram os analistas, ao informar que a HW estima custo caixa marginal de produção (abaixo do qual já haveria produtores operando no vermelho) de US$ 600 a US$ 650 por tonelada de fibra curta neste momento.
Seja o primeiro a comentar