Folha de S. Paulo – A concessionária MRS Logística, que nesta sexta-feira (29) assinou contrato de renovação antecipada de sua concessão, terá de investir ao menos R$ 4,4 milhões por ano na preservação da memória ferroviária.
Essa é uma das obrigações previstas no contrato entre a concessionária e a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). A prorrogação antecipada do contrato impõe investimentos que permitirão diversificar as cargas, ampliar a segurança e melhorar a mobilidade urbana, além de contribuir para a preservação da história dos trens no país, de acordo com a agência.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
O valor de investimentos na preservação é baixo, se comparado aos R$ 11 bilhões de investimentos que deverão ser feitos pela concessionária para renovar o contrato atual, que venceria em 2026, por mais 30 anos, mas suficiente para restaurar locomotivas e vagões utilizados por entidades de preservação como a ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) e a Sorocabana – Movimento de Preservação Ferroviária.
A restauração de uma locomotiva pode custar até R$ 3 milhões, dependendo do estado em que ela se encontra, segundo o presidente da associação, Bruno Crivelari Sanches, mas geralmente o valor fica muito abaixo disso.
Uma locomotiva pertencente à Prefeitura de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) foi restaurada esteticamente pela ABPF Campinas a um custo de R$ 749 mil.
Antes disso, em 2017, a associação entregou uma locomotiva a diesel que no passado foi usada pela Companhia Mogiana de Estradas de Ferro após gastar R$ 265 mil, em valores atualizados pela inflação, num trabalho feito em dois anos.
“É excelente que isso tenha sido incluído. Ninguém sabe ainda exatamente como vai funcionar e quais serão os critérios de projetos a serem apresentados, mas é muito bom. Esperamos que possa ser investido principalmente em patrimônio ferroviário, como material rodante e edificações”, disse Sanches.
As associações de preservação sobrevivem de recursos obtidos com a venda de bilhetes dos passeios de trem, souvenir e doações. Restaurar uma locomotiva, estação ou vagão depende muitas vezes de rifas e vaquinhas virtuais.
Uma exposição em andamento no Centro de Memória Ferroviária de Sorocaba, por exemplo, é o primeiro passo de uma futura restauração de cinco carros de passageiros resgatados em diferentes pontos do estado pela Sorocabana.
Os 28 painéis da mostra foram instalados dentro dos vagões, que estão em mau estado de conservação. O objetivo, de acordo com o presidente da associação, Eric Mantuan, é restaurá-los, mas não há verba para isso.
A MRS administra 1.643 quilômetros de trilhos em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, entre eles o trecho que leva ao porto de Santos, o mais importante da América Latina.
Os trilhos cortam 105 municípios nos três estados e são responsáveis por 6.600 empregos, de acordo com a concessionária.
Seja o primeiro a comentar