Impulsionado pela demanda chinesa, o minério de ferro voltou a ser negociado nos últimos dias no nível de US$ 125 a US$ 130 por tonelada, visto pela última vez no mercado transoceânico há mais de seis anos. Mas, na avaliação de analistas e das próprias mineradoras, a forte valorização pode ter vida curta. Para os próximos meses, a expectativa é de acomodação da produção siderúrgica na China e de aumento da oferta global da matéria-prima do aço.
Desde o início do ano, o minério acumula valorização de 40%. A recuperação dos preços do aço na China e a perspectiva de consumo de produtos siderúrgicos acima do esperado na retomada pós-covid-19, particularmente no país asiático, explicam os ganhos recentes, que surpreenderam os analistas e consultorias.
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Para a anglo-australiana BHP, terceira no ranking mundial da commodity e que acaba de divulgar resultados trimestrais, a demanda chinesa deve arrefecer ao longo do semestre, quando haverá aumento da oferta a partir da África Ocidental, pesando sobre os preços da commodity.
Além disso, a Vale já está produzindo a uma taxa de 1 milhão de toneladas de minério por dia, o que deve permitir à mineradora brasileira alcançar uma produção de 310 milhões de toneladas da matéria-prima neste ano, no piso do intervalo projetado, na avaliação do analista Daniel Sasson, do Itaú BBA.
Até o mês passado, as operações da mineradora foram alvo de preocupação sobre condições de abastecimento do mercado por causa de impacto da covid-19.
Conforme o UBS, os embarques de minério a partir do Brasil alcançaram o maior nível do ano em julho e devem continuar subindo com a maior produção da Vale e da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), segunda maior produtora no país. Diante disso, o banco suíço projeta preço médio de US$ 91 por tonelada no segundo semestre, com queda para US$ 80 por tonelada em 2021.
Segundo a publicação especializada Fastmarkets MB, o minério com teor de 62% de ferro – referência do mercado global – encerrou a terça-feira com valorização de 5,4% no porto de Qingdao, para US$ 128,57 por tonelada. Esse é o valor mais elevado em cerca de seis anos e meio – em 20 de janeiro de 2014, o preço à vista estava em US$ 128,79 a tonelada.
Na bolsa de mercadorias de Dalian, os contratos mais negociados da commodity, com entrega em janeiro, avançaram 3,5%, para 863 yuans por tonelada (o correspondente a US$ 124,51). Como resultado, as ações da Vale subiram 1,3% na B3, a R$ 63,06.
Neste ano, as cotações têm se mantido acima de US$ 100 por tonelada desde o início de julho. O desempenho recorde é impulsionado pela crescente produção de aço na China, o maior importador mundial de minério. Em julho, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas chinês, o país produziu 93,36 milhões de toneladas de aço, alta de 1,9% ante junho e um novo recorde, influenciado pelos gastos do governo com infraestrutura.
Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/08/19/puxado-pela-china-minerio-sobe-40-no-ano.ghtml
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