O Brasil obteve volume recorde de US$ 3,5 bilhões em projetos aprovados neste ano pelo Novo Banco do Desenvolvimento (NBD), o chamado banco do Brics, conforme o Valor apurou. Somente nesta semana, de sete financiamentos aprovados, quatro projetos foram no Brasil, somando US$ 2,4 bilhões, e um cada na Índia, África do Sul e Rússia.
Com o volume de recursos em 2020, o Brasil estabelece novo recorde de aprovação de financiamentos em um único ano junto à instituição sediada em Xangai. Antes era da China, com US$ 1,9 bilhão em 2018.
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O país passa assim a ter um volume total de US$ 5 bilhões aprovados pelo NBD desde sua fundação há cinco anos. Isso representa 20% da carteira da instituição, em paridade com a fatia de ações que o país tem no banco.
Agora que o reequilíbrio na carteira foi alcançado, com 20% do total, o Brasil receberá da instituição dos emergentes entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões por ano para investimentos em infraestrutura, pelas estimativas de fontes que acompanham as operações.
A crítica persistente em setores no Brasil era de que o país não utilizava plenamente o banco dos grandes emergentes, inclusive por falta de projetos bem elaborados. Assim, de 2015 a 20018, o NBD tinha aprovado apenas US$ 621 milhões em projetos para o Brasil, representando cerca de 8% da carteira de financiamentos. De 2019 até junho deste ano, foram confirmados mais US$ 950 milhões.
Em julho, o brasileiro Marcos Troyjo assumiu a presidência do banco em Xangai e desde lá o reequilíbrio na carteira foi acelerado, resultando em US$ 3,5 bilhões para o país somente neste ano.
O primeiro foi US$ 1 bilhão para o Programa Emergencial para Recuperação Econômica em resposta ao covid-19 no país. Os recursos serão usados como garantia no Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (FGI-PEAC) para pequenas e médias empresas. O FGI-PEAC assegura que empresários de todo o país tenham acesso a crédito, com melhores condições de prazo e de carência, e taxas de juros mais baixas.
As empresas acessam as linhas garantidas pelo FGI-PEAC por meio de instituições financeiras habilitadas junto ao BNDES e que incluem a rede bancária e cooperativas de crédito. Pequenas e médias empresas podem usar esses recursos em operações de empréstimo e financiamento para capital de giro, e também operações em linhas de investimento. O Programa foi cofinanciado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que contribuiu com US$ 200 milhões.
O segundo projeto aprovado foi no montante de US$ 1,2 bilhão para linha de Financiamento para Infraestrutura Sustentável via BNDES. Esse crédito para o BNDES é a maior operação da história do NBD. A nova linha de financiamento ao banco brasileiro canalizará recursos para os setores de energia, água e saneamento, transporte, tecnologia da informação, mobilidade urbana, saúde e educação, tanto para agentes do setor privado como para entes do setor público.
Os interessados nos recursos – empresas privadas, Estados e municípios – poderão acessar os canais oferecidos pelo próprio BNDES ou por instituições credenciadas, que avaliarão o pedido de crédito segundo seus critérios.
O terceiro projeto, no valor de 134 milhões de euros, é uma linha de Financiamento para Infraestrutura Sustentável via Banco de Desenvolvimento Regional do Extremo Sul (BRDE). É a primeira operação do NBD com um banco regional de desenvolvimento no Brasil. É também a primeira operação denominada em euros do NDB para o Brasil. Visa pequenos e médios municípios do sul do Brasil. Gestores públicos dos Estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná podem procurar os canais oferecidos pelo próprio BRDE.
O NBD aprovou ainda US$ 75 milhões para melhora do BRT de Curitiba, conhecido nacionalmente como solução para a mobilidade urbana. O financiamento apoiará a modernização do sistema de mobilidade urbana do município, aumento de sua segurança e menor tempo de viagem dos usuários.
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