Valor Econômico – Embora a Vale tenha anunciado nesta terça-feira (5) meta de produção para o minério de ferro em 2024 que representa estabilidade em relação a 2023, o que parece ter frustrado alguns analistas, a empresa entende que tem maior previsibilidade em relação ao cumprimento dos números.
“A meta [para o ano que vem] é substancialmente mais confiável em termos de entrega em relação a 2023”, disse o vice-presidente de finanças da mineradora, Gustavo Pimenta depois do Vale Day, o encontro anual da empresa com investidores, este ano realizado em Londres no lugar do tradicional evento na bolsa de Nova York. A Vale justificou a escolha da capital inglesa ao dizer que Londres é um “hub” (centro) da mineração global e sede de boa parte da base acionária da companhia.
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Ontem pela manhã, a Vale anunciou ao mercado meta de produção de 310 milhões a 320 milhões de toneladas de minério de ferro em 2024, semelhante ao volume estimado para 2023, de 315 milhões de toneladas. Em 2022, foram 308 milhões de toneladas. Em anos recentes, a mineradora enfrentou dificuldades para cumprir metas propostas, sobretudo após o rompimento da barragem de Brumadinho, que colocou restrições operacionais em minas.
Pimenta disse ontem que houve evolução nos últimos anos e que hoje a empresa consegue prever os números com mais assertividade: “O jeito que fazemos as projeções mudou. Usamos análise de estatística. Se, por exemplo, consideramos que uma licença ambiental vai atrasar, conseguimos modelar isso [no sistema]”, afirmou.
Analistas questionaram o fato de as projeções da empresa para 2024 indicarem estabilidade. A Vale aposta no crescimento da produção de minério de ferro em um horizonte mais longo. Espera chegar a 2026 produzindo entre 340 milhões de toneladas e 360 milhões de toneladas. A companhia não fez projeções para 2025.
A grande aposta da Vale para alavancar a produção de minério de ferro está em três projetos: Vargem Grande e Capanema, em Minas Gerais, e o aumento do S11D, em Carajás, no Pará. São expansões que vão assegurar um acréscimo bruto de 50 milhões de toneladas anuais à produção da empresa até o segundo semestre de 2026.
Na véspera do Vale Day, o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, detalhou um pouco mais esse número ao Valor. Ele explicou que como naturalmente as minas apresentam decréscimo da produção ao longo do tempo, o saldo líquido do acréscimo de volume desses três projetos pode andar em 35 milhões de toneladas anuais, uma vez que a nova capacidade chega para repor perdas que ocorrem nas operações. “Mas será produto de alta qualidade, alto valor agregado. Estamos apostando em segmentação de mercado.”
As projeções para o chamado custo caixa C1, que inclui despesas da mina até o porto, também indicam estabilidade para o ano que vem. A projeção é de um custo caixa C1 de US$ 21,5 a US$ 23 por tonelada em 2024, ante US$ 22,5 por tonelada em 2023. A meta é reduzir os valores abaixo de US$ 20 por tonelada em 2026.
Apesar de o mercado não ver mudanças significativas nos números para o ano que vem, a Vale tem custo total (“all in”) para colocar minério de ferro na China na faixa de US$ 56 por tonelada. E nas novas projeções indicou que pode reduzir o número para cerca de US$ 45 por tonelada em 2026. Em 2022, o preço médio da commodity, com 62% de teor de ferro, foi na casa dos US$ 120 por tonelada.
A companhia anunciou ainda metas para os metais de transição energética. No níquel, a meta é produzir de 160 mil a 175 mil toneladas ano que vem, em linha com as 165 mil toneladas previstas para 2023. No cobre, a meta é produzir entre 320 mil e 355 mil toneladas em 2024, próximo das 325 mil toneladas previstas para 2023.
Mark Cutifani, presidente do conselho de administração da Vale Base Metals (VBM), disse que a empresa tem recursos minerais “excepcionais”. O executivo, contratado para contribuir para a estabilidade operacional dos metais básicos, destacou que, no momento, a companhia identifica oportunidades por meio de revisão abrangente de ativos.
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